Perguntamos aos candidatos quanto vão investir na cultura de Curitiba. Veja as respostas

Candidatos foram questionados se assumiriam o compromisso de dobrar ou aumentar os investimentos à cultura em Curitiba

O Plural entrevistou durante os meses de maio e junho dez dos pré-candidatos à prefeitura de Curitiba. Durante as entrevistas os pré-candidatos Goura (PDT), Leprevost (União), Luizão (Solidariedade), Zeca Dirceu (PT), Roberto Requião (Mobiliza), Andrea Caldas (PSOL), Luciano Ducci (PSB), Beto Richa (PSDB), Cristina Graeml (PMB) e Eduardo Pimentel (PSD) falaram de suas propostas para Curitiba, ideologias políticas e trajetórias.

O jornalista Rogerio Galindo, conduziu as entrevistas e entre os questionamentos feitos pelo entrevistador, os pré-candidatos foram convidados a falarem sobre seus planos para a cultura em Curitiba. A pergunta foi feita a pedido da repórter de cultura do Plural, Luciana Nogueira Melo.

O questionamento leva em consideração as principais ferramentas de fomento aos artistas curitibanos, previstas na Lei Municipal de Incentivo à Cultura: o Mecenato Subsidiado e o Fundo de Cultura. Um estudo do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões do Paraná (​Sated/PR) aponta que os recursos anuais investidos são praticamente os mesmos desde a gestão de Gustavo Fruet, encerrada em 2016.

O orçamento para cada uma dessas modalidades em 2024 foi de R$ 14 milhões. Com as correções monetárias, deveria estar na faixa dos R$ 23 milhões. Diante deste contexto, os candidatos foram questionados se assumiriam o compromisso de dobrar ou aumentar os investimentos nos mecanismos de incentivo à cultura na capital.

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Goura (PDT)

Goura, além de assumir o compromisso, disse que gostaria de descentralizar a cultura.

“Nós temos o compromisso sim em aumentar o orçamento para cultura. Em atualizar o fundo municipal de cultura. De novo tendo a democracia como princípio a participação, envolvermos os produtores e produtoras, artistas para juntos pensarmos cada vez mais como esse recurso pode ser destinados para uma otimização para que a cultura esteja presente nos 75 bairros de Curitiba”.

Ney Leprevost (União)

Ney Leprevost afirmou que a cultura promove o fomento do turismo e comércio local, mas disse que os investimentos devem ser feitos priorizando a pluralidade cultural de Curitiba.

“Até R$ 13 milhões é muito pouco, acho que tem que ser mais. Curitiba tem uma arrecadação prevista para o ano que vem que pode chegar perto dos 14 bilhões (…) Vamos dizer que dobre, que seja 26 milhões não acho que é um valor alto para o município investir em cultura, muito pelo contrário (…) Então sim, se for prefeito nós vamos investir em cultura”. 

Luizão (Solidariedade)

Luizão Goulart, também citou a descentralização da cultura e a necessidade de criar projetos culturais múltiplos.

“Esse valor de 13 milhões é insignificante para a gente cultura, até para a gente pensar em levar a cultura para os bairros, criar oportunidades de cultura para adolescentes, jovens e idoso nos bairros, não apenas no centro da cidade. Eu vejo que muitas vezes a Fundação Cultural de Curitiba é muito burocrática para você viabilizar um projeto, por exemplo (…) É necessário ter no orçamento reservado um valor significativo com os projetos para você atender as regiões mais periféricas da cidade”. 

Andrea Caldas (PSOL)

Assim como Luizão e Goura, Andrea Caldas também falou em descentralização e de elaborar os valores para cultura junto a quem produz.

“É preciso obviamente ampliar. Nós temos que fazer isso em parceria com os artistas e produtores culturais (…) A cultura aqui em Curitiba, a produção, os eventos são muito aqui no centro. Eu tenho a sensação de que a atual gestão só considera cultura aquilo que ela faz, ou o que ela aprova como evento oficial da prefeitura, isso é cultura e isso não. Temos que ampliar e construir polos de cultura descentralizados”

Luciano Ducci (PSB)

Ducci disse que pretende retomar projetos na cidade como a Virada Cultural e fazer mudanças na Fundação Cultural de Curitiba. 

“Vamos trabalhar bastante a questão da cultura nos bairros, da cultura popular. Fazer um trabalho diferente do que a gente vinha fazendo, envolvendo a classe o pessoal da cultura na cidade (…) Nós vamos aumentar sim o recurso da área da cultura”.

Beto Richa (PSDB)

Richa antes de fazer promessas disse que é preciso avaliar o orçamento da cidade. 

“Eu recuperei dezenas de espaços culturais. O Novelas Curitibanas estava há 7 anos fechado, nós recuperamos e fizemos a reinauguração (…) Vamos fazer sim, vamos aumentar as ações culturais e aumentar o percentual do orçamento. Não posso precisar o quanto”.

Cristina Graeml (PMB)

Cristina também disse que é necessário fazer uma avaliação antes de assumir compromissos, mas que está disposta a conversar com artistas e produtores culturais para ouvir suas demandas. 

“O compromisso de duplicar eu acho leviano, mas obviamente que vamos rever (…) Ainda estamos no processo de estudos dos problemas da cidade, vendo o que é possível trazer de solução, priorizando obviamente algumas áreas (…) Então vamos rever a questão da cultura obviamente. Se eu posso assumir um compromisso é vamos estudar, conversar e vamos olhar com carinho essa demanda”.

Eduardo Pimentel (PSD)

Pimentel foi o mais ousado entre os pré-candidatos ao falar, além de suas colaborações para a cultura na atual gestão, assumir o compromisso de implementar os 3% estabelecidos na lei. 

“Nossa gestão apresentou o projeto de lei do executivo aumentando de 2% para 3% o investimento do orçamento do Fundo Municipal e do Mecenato e eu vou implementar esse valor”. 

Conforme a Nova Lei da Cultura do Município, as verbas direcionadas para o Mecenato e o Fundo (FMCC) podem ir até 3% da soma de arrecadação do ISS e IPTU. Na prática, se Pimentel honrar este compromisso, ele deve destinar cerca de R$ 117 milhões a essas ferramentas de fomento à cultura, já que a estimativa somada de IPTU e ISS para 2025 é de pouco mais de 3,9 bilhões. Mesmo que os investimentos chegassem a 1,5% da arrecadação, os valores destinados seriam de cerca de R$58 milhões.

As diretrizes para o orçamento de 2025 já foram publicadas e nelas ficou estabelecido que o Mecenato deve receber cerca de R$14 milhões.

Durante as entrevistas os pré-candidatos Requião (Mobiliza) e Zeca Dirceu (PT) não foram questionados sobre o tema. Além de suas propostas para cultura, os pré-candidatos falaram sobre educação, saúde, segurança e por que merecem ocupar a prefeitura de Curitiba. No YouTube do Plural é possível conferir todas as entrevistas feitas durante as sabatinas que contaram com o patrocínio do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge).

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