Saiba tudo o que acontece na visita noturna ao Cemitério Municipal de Curitiba

Passeio no cemitério acontece nas noites de lua cheia, é gratuito, sem restrições de público e apesar de parecer, a visita não é nada macabra

Em uma das noites de lua cheia de maio um grupo de cerca de 60 pessoas atravessou o portal do Cemitério Municipal São Francisco de Paula. O Plural acompanhou essa visita, um dos passeios mais concorridos da cidade e ocorre mensalmente, sempre durante as noites de lua cheia.

Se você espera que a tudo tenha algum ar macabro, já fica aqui o aviso: não tem. A essência do passeio é recheada de informação histórica, religiosa, arquitetônica e, se bobear, até rola uma aulinha de português. Para a diretora de Serviços Especiais da Secretaria do Meio Ambiente, pesquisadora e responsável pela programação, Clarissa Grassi, a visita tem caráter apenas informativo. “A ideia da visita é desmistificar o espaço e mostrar que, para além de um lugar de finitude, esse é um espaço de memória, de história da cidade, que chega a ser uma miniatura de Curitiba”, explica.

De 2010 até hoje, ela já guiou mais de 10 mil curiosos entre as lápides do cemitério mais famoso de Curitiba. “No começo, entra todo mundo quietinho, sussurrando, e no final as pessoas estão mais leves, soltas e dando risada”, diz Grassi.

São quatro visitas mensais, gratuitas e sem restrições de público ou faixa-etária. Só há cancelamento em caso de chuva no bairro São Francisco, trinta minutos antes do início. Para acompanhar quando serão as próximas, é preciso ficar atento ao site do Guia Curitiba. As inscrições costumam abrir um dia antes da data marcada.

Passo a passo para garantir o ingresso

O passeio é bem concorrido. Pode parecer fácil entrar nessa, mas não é: são apenas 240 vagas divididas igualmente entre os quatro dias e que, na última rodada de inscrições, se esgotaram em menos de 5 minutos. Então, aqui vão algumas dicas para você também garantir seu ingresso.

Para participar é preciso se inscrever pelo Guia Curitiba.

1 – O primeiro passo é entrar no site do guia e fazer o login no site (ou cadastro, para quem ainda não tem). Só que é preciso prestar atenção a um detalhe importante: é preciso logar no site pelo menos uma hora antes do início das inscrições.

2 – Depois, já fique na página da visita e tenha em mente a data (melhor até já deixar selecionada).

3 – Aguarde até que as inscrições sejam liberadas e evite ficar recarregando a página muitas vezes.

É garantido que você vai conseguir uma vaga assim? Não, mas isso pode ajudar, por exemplo, com a nossa equipe funcionou.

Dica bônus

As visitas que acontecem em junho já tem data marcada e as inscrições (aqui) para os passeios que acontecem de 19 a 22 de junho abrem nesta terça-feira (18), às 18h.

Neste ano, em dezembro, o Cemitério Municipal São Francisco de Paula completa 170 anos. Para celebrar o aniversário do cemitério mais antigo da cidade, roteiros temáticos estão sendo elaborados, e devem ser ainda mais concorridos que os tradicionais. Quem tem interesse precisa ficar atento.

Outra chance, para quem não conseguir mesmo ir a uma das visitas no Municipal, é que logo podem ser abertos passeios guiados em outos cemitérios da cidade, como o do Água Verde.

Leia também: Saiba o que fazer em caso de falecimento

Visita guiada ao Cemitério Municipal São Francisco de Paula

A partir daqui, a leitura é realmente para quem quer saber tudo sobre a visita. O ponto de encontro é na entrada do cemitério e, no início, há uma longa explicação sobre os serviços essenciais voltados ao luto.

Durante os primeiros momentos, a voz de Grassi (nossa guia) só é interrompida pelo som da fonte e dos carros que passam pelas ruas do entorno do cemitério, que fica no centro da cidade. Ao entrar, logo é possível confirmar que a curiosidade motiva a maior parte dos visitantes. No meio deles, se veem lanternas focando em túmulos para ver melhor e se escutam sussurros de “vai um pouquinho para frente” e “deixa eu ver também”.

Logo a timidez passa e surgem as piadas e interações. Os mais despojados comentam em tom mais humorado: “Quando eu morrer, quero um túmulo igual a esse”, “Para que um túmulo tão grande”. Outros aproveitam o momento para perguntar das simbologias dos túmulos e dos significados das escritas em cada sepultura.

O passeio dura em torno de 3 horas, mas não chega a percorrer o cemitério por completo, afinal são 51.414 m² e 5,7 mil túmulos. É possível ver lápides de algumas figuras famosas da cidade, como a do Ildefonso Pereira Correia, o barão do Serro Azul, a de Enedina Alves, Ermelino de Leão, e descobrir que várias das personalidades que dão nomes às ruas curitibanas “moram” até hoje em Curitiba.

Ao longo da visita, é possível perceber as similaridades entre o cemitério e a nossa cidade. Durante a caminhada Grassi explica que o espaço é uma miniatura de Curitiba e, para entendermos como se dão as conexões, no lugar do luto entra um pouco de bom humor. A região onde ficam os primeiros túmulos, mais antigos, é apresentada como o “Largo da Ordem” do Francisco de Paulo, já uma das ruas mais larga no campo santo ganha apelido de Avenida Batel, pois marca o início do “bairro” com os mausoléus mais suntuosos, de famílias ricas (ou das que foram ao menos).

Depois de andar por pelo menos um terço do cemitério, todos voltam ao ponto de encontro onde começou a jornada. Mas a atmosfera já é outra, as poucas interações do início são substituídas por uma salva de palmas que fecha o passeio.

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