Artista acusa lojas Curitiba Sua Linda de violação de direitos autorais

Arte criada pela designer Juliana Costa para um lenço foi comercializada nas lojas da prefeitura sem autorização. Urbs diz que não há comprovação “inequívoca” da autoria

A designer Juliana Costa, professora aposentada da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), almoçaria em um dos restaurantes do Mercado Municipal de Curitiba em 9 de março de 2024. Enquanto se deslocava para o local escolhido, olhou um lenço exposto em uma das lojas Curitiba Sua Linda, da prefeitura: era um produto criado por ela, mas que não deveria estar sendo vendido.

Juliana entrou, comprou o lenço, fotografou e falou com a diretoria da Associação de Mulheres de Negócios – BPW, organização da qual fez parte entre 2017 e 2024 e para onde a arte foi enviada por ocasião de um evento.

A artista criou a ilustração gratuitamente para um lenço utilizado na 35ª Convenção da Federação das Associações das Mulheres de Negócios e Profissionais do Brasil (Confam), que aconteceu no hotel Pestana entre 11 de novembro do ano passado.

A arte, segundo Juliana, foi aprovada em grupo e a autorização era de que fossem produzidos os lenços apenas para utilização da delegação de Curitiba durante o evento.

O arquivo fechado foi enviado pela presidência da BPW para um fornecedor em Pinhais, a Fábrica do Silk, que recebeu o arquivo “fechado”, ou seja, em um formato de PDF, que não permite alterações. “Mas é claro que nós que somos da área do design, publicidade, sabemos como abrir esse arquivo”, alerta Juliana.

Depois de encontrar o lenço na loja do Mercado Municipal – sem a marca do BPW, o que indica abertura do arquivo, Juliana foi até a loja do shopping Estação, onde encontrou mais produtos.

Na loja do Jardim Botânico havia, além dos lenços, camisetas com a marca “Curitiba Sua Linda”, omitindo a autoria de Juliana.

A artista então questionou a Urbanização de Curitiba (Urbs), responsável pelas lojas Curitiba Sua Linda, a BPM e a Fábrica do Silk, mas não conseguiu informações de como sua arte estava sendo comercializada sem autorização.

Judicialização

Juliana Costa vai à Justiça para tentar reaver seus direitos autoriais. Antes disso, notificou extraoficialmente a Urbs, que só então retirou os produtos da loja.

O trâmite para conseguir colocar produtos à venda na loja Curitiba Sua Linda requer participação em editais específicos e autorização dos artistas, o que, no caso de Juliana, não ocorreu.

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Ao Plural a Urbs informou que tão logo recebeu notificação extrajudicial retirou os produtos da venda “mesmo sem prova inequívoca da autoria da arte, para melhor apuração do caso”.

Além disso, a Urbs afirmou que há apuração administrativa para “melhores esclarecimentos” e que representantes da prefeitura já se reuniram pessoalmente com Juliana. “A empresa também adotou as medidas cabíveis para apurar responsabilidade junto ao fornecedor dos produtos que continham a arte contestada pela notificante, já que assim foram por ele ofertados”.

A empresa também explica que “caso haja o desdobramento para seara judicial, será oportunizado o debate e produção de provas pelos interessados com apuração de eventuais responsabilidades”.

Já a Fábrica do Silk, que recebeu o arquivo fechado para produzir os lenços, também foi procurada pela reportagem, por meio de e-mail, há cinco dias, mas não retornou o contato até o fechamento deste texto.

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