Dignidade lamenta morte de homem que defendeu casal em ônibus

Oziel Branques dos Santos, 42, defendeu um casal que sofria ataques transfóbicos no ônibus.

O grupo Dignidade emitiu, nesta segunda-feira (17), nota de condolências pelo falecimento de Oziel Branques dos Santos, 42, morto por uma dupla dentro do biarticulado Santa Cândida-Capão Raso, em Curitiba, neste domingo (16). Santos defendeu um casal que sofria ataques transfóbicos dos acusados e foi esfaqueado.

O casal formado por uma mulher trans (Camila Dias Marçal) e um homem cis  (Jean Carlos Oliveira) seguia para o terminal do Pinheirinho e já havia cruzado o homem e um adolescente de 17 anos na ida para o centro. Eles sofreram ofensas e os acusados tentaram até retirar a roupa de Oliveira para checar as genitálias.

Indignado com as agressões, Santos, que era morador de Colombo, tentou intervir e foi esfaqueado diversas vezes. Ele morreu dentro do ônibus. A Polícia Civil está investigando o caso.

Condolências

Parlamentares e organizações ligadas à defesa dos direitos humanos se manifestaram a respeito do crime. Uma delas foi o grupo Dignidade, ligada aos direitos LGBTI+. Leia a íntegra:

“Expressamos nossa profunda tristeza e consternação pelo trágico acontecimento ocorrido na noite deste domingo (16/6), dentro de um ônibus da linha Santa Cândida/Capão Raso, em Curitiba. Oziel Branques dos Santos, de 42 anos, perdeu a vida de maneira brutal ao tentar defender duas pessoas LGBTI+ que estavam sendo vítimas de agressões e ameaças.

Oferecemos nossas mais sinceras condolências à família e aos amigos do homem que, em um gesto de extrema bravura, se levantou contra a injustiça e a intolerância. Sua empatia não será esquecida e deve servir como um poderoso lembrete da necessidade de combatermos o ódio e a violência em todas as suas formas.

É imprescindível nos questionarmos quem “afiou a faca”; qual a autoria intelectual dos crimes cometidos. Esta situação que está sendo imposta à nossa sociedade e adoecendo os indivíduos precisa ser interrompida imediatamente. Não podemos permanecer apáticos às inúmeras formas de violência que estamos sofrendo. Precisamos nos mobilizar!

Exaltamos a coragem de Oziel para que casos como este não se repitam! Como disse Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. É essencial que nos levantemos diante de crimes com motivação LGBTIfóbica e estudemos as estruturas que possibilitam essas agressões para que seja possível transformar essa realidade cruel.

Lamentamos profundamente que uma atitude tão nobre tenha encontrado um fim tão trágico.

Também nos solidarizamos com Camila Dias Marçal e Jean Carlos de Oliveira, que foram vítimas desse ato de violência. É inaceitável que em nossa sociedade ainda ocorram ataques motivados pelo preconceito e pela intolerância.

Agradecemos à Polícia Militar do Paraná (PMPR) pelo rápido atendimento e pela detenção dos suspeitos, esperando que a justiça seja feita e que esse trágico assassinato leve a uma reflexão e ações concretas para tornar nossos espaços públicos mais seguros e inclusivos.

O Grupo Dignidade se compromete a acompanhar o caso de perto para garantir que todas as providências legais cabíveis sejam tomadas e que os autores sejam devidamente responsabilizados. Além disso, nos colocamos à disposição para a realização de atendimento psicológico e social tanto para os afetados diretamente pela LGBTIfobia, Camila Dias Marçal e Jean Carlos de Oliveira, como para os familiares de Oziel Branques dos Santos.

Que possamos, coletivamente, trabalhar para construir uma sociedade onde atos de heroísmo como o deste homem não sejam necessários e onde todos possam viver sem medo de serem quem são.”

Com solidariedade e pesar,

Rafaelly Wiest
Presidente do Grupo Dignidade

Toni Reis
Fundador e diretor executivo do Grupo Dignidade

Beto Schmitz
Coordenação de Pesquisa | Projeto Paraná + Diversidade | Cedoc LGBTI+

Maria Angela Strapasson
Diretora de atendimento à comunidade do Grupo Dignidade

Mateus Cesar Costa
Diretor administrativo do Grupo Dignidade

Lucas Siqueira
Diretor de comunidade e vínculo do Grupo Dignidade

Jean Muksen
Advogado do Grupo Dignidade

Mauro Neres
Conselheiro fiscal

Nori Junior
Diretor tesoureiro do Grupo Dignidade

André Luiz Tutts
Conselho fiscal do Grupo Dignidade

Sobre o/a autor/a

3 comentários em “Dignidade lamenta morte de homem que defendeu casal em ônibus”

  1. Valnei Francisco de França

    Diante do horror de fatos tão selvagem, tão grotesco, feio, um alento para a Humanidade. Uma linda flor se abriu na ação de Oziel ao defender, perdendo o que lhe é de mais caro, a sua Vida, o casal Camila e Jean. Não é uma defesa simples de uma cidadania que já seria valorosa, é a defesa do existir de acordo com o que se deseja ser. A flor que se abre é um exemplo para todos olhar, admirar e lutar juntos contra o preconceito. Em particular àqueles dirigidos à Comunidade Lgbtqia+.

  2. Valnei Francisco de França

    Diante do horror de fatos tão selvagem, tão grotesco, feio, um alento para a Humanidade. Uma linda flor se abriu na ação de Oziel ao defender, perdendo o que lhe é de mais caro, a sua Vida, o casal Camila e Jean. Não é uma defesa simples de uma cidadania que já seria valorosa, é a defesa do existir de acordo com o que se deseja ser. A flor que se abre é um exemplo para todos olhar, admirar e lutar juntos contra a violência do preconceito. Em particular àqueles dirigidos à Comunidade Lgbtqia+.

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