Mulher kaingang morre após ser vítima de estupro coletivo no Oeste do Paraná

Vítima de 22 anos morava no Terra Indígena Rio das Cobras e teria sido estuprada por 15 homens

A Associação das Mulheres Indígenas Organizadas em Rede (Amior) denunciou que uma mulher kaingang, de 22 anos, morreu após sofrer um estupro coletivo no fim de semana no município de Nova Laranjeiras, no Oeste do Paraná. Moradora da Terra Indígena Rio das Cobras, Elza Niga Luiz foi socorrida perto da BR-277 e chegou a ser encaminhada para o hospital eu Guarapuava, onde morreu entre domingo (22) e segunda-feira (23).

O caso está sendo investigado pela 2ª Divisão Policial da Polícia Civil, em Laranjeiras do Sul, que aguarda o laudo do Instituto Médico Legal (IML). Segundo a Amior, quando foi atendida a vítima disse ter sido estuprada por pelo menos 15 homens que seriam da comunidade. Ela apresentava sinais de mordidas, ferimentos e sangramentos pelo corpo. Moradores da região teriam denunciado o ex-marido da vítima, com quem ela teria sido vista na noite de sábado (21), junto com outros cinco homens.

“Este ato desumano fere a dignidade humana e rompe os laços fundamentais de respeito e proteção que deveriam prevalecer entre todos, principalmente em comunidades indígenas. Repudiamos a covardia desses agressores, que traíram não apenas uma jovem vítima, mas também suas tradições ancestrais”, afirmou a Amior em nota.

De acordo com a associação, estupros são comuns nos Territórios Indígenas. Em 2022, foi registrado um caso semelhante na Terra Indígena Ivaí, na região dos Campos Gerais., quando uma indígena de 21 anos morreu após ser estuprada. Ela também apresentava marcas de mordidas e outros ferimentos. Dois adolescentes foram apreendidos pela polícia.

“Não podemos permitir que tais atrocidades sejam silenciadas ou tratadas com indiferença. As vidas de nossas mulheres indígenas são sagradas. Essa barbárie não é um evento isolado; reflete um ciclo de opressão e violência estrutural que, infelizmente, se instalou em no chão das nossas Tekoas”, afirmou a associação. “Nos solidarizamos com a família da jovem, e com todos aqueles que lutam pela justiça e dignidade das mulheres indígenas. É urgente que as autoridades competentes atuem com rigor para garantir que os responsáveis ​​por esse crime monstruoso sejam devidamente punidos e que ações concretas sejam tomadas para prevenir tais violações dos direitos humanos das mulheres indígenas. Que sua partida não seja em vão, mais sim um chamado para que todos se unam contra a violência de gênero”.

A Terra Indígena Rio das Cobras é a maior do Paraná, com 19 mil hectares e cerca de 3,2 mil moradores das etnias Kaigang e Guarani.

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