Paraná pode perder 60 mil empregos formais em 3 semanas de quarentena

Estimativa é de um grupo de pesquisadores de quatro grandes universidades do estado

Um grupo de pesquisa coordenado pelo doutor em economia Umberto Antonio Sesso Filho, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), desenvolveu um estudo para estimar os impactos econômicos das 3 primeiras semanas de quarentena no estado do Paraná. 

A projeção aponta que, em 15 dias úteis de paralisação, haveria diminuição de 2,14% e 2,21% da atividade econômica (produção), e a diminuição de 1,64% do rendimento do trabalho, com perda de cerca de 60 mil empregos formais (17 mil com nível fundamental, 35 mil com ensino médio e 8 mil com nível superior). Além disso, 7.924 empresas desapareceriam, sendo 7.794 micros e pequenas empresas e cerca de 124 médias e grandes. 

Os setores com maiores perdas em valores absolutos seriam: comércio, atividades imobiliárias, indústria automobilística e peças, refino de petróleo, transporte terrestre, alimentação, organizações associativas e outros serviços pessoais, além de produtos químicos.

Os pesquisadores pontuam que nenhuma atividade econômica estará imune aos efeitos da quarentena: “É evidente que mesmo os setores que são considerados essenciais e, portanto, não têm interrupção em suas atividades, sofrem a influência da queda na atividade dos demais setores”.

Salientam ainda que as empresas médias e grandes normalmente possuem condições financeiras para 15 dias úteis de portas fechadas, uma vez que podem desenvolver uma série de estratégias para lidar com os problemas da crise, como aplicar férias coletivas, utilizar banco de horas ou até mesmo recorrer a financiamentos com taxas subsidiadas. 

“O objetivo desses dados é oferecer base para ações estratégicas. Os dados projetados não são deterministas e ações das esferas de governos podem minimizar os efeitos previstos”, alerta o grupo, advertindo: “Os resultados apontados pelo estudo se darão no curto prazo e, se medidas não forem adotadas para sua reversão e se a quarentena se estender por mais semanas, a base de cálculo de novas projeções deve levar em consideração os resultados das três primeiras semanas de paralisação iniciais, criando um processo que acumula os danos gerados, estabelecendo mais danos e fragilidades futuras”.

Metodologia

De acordo com os pesquisadores, o estudo se baseou na matriz insumo-produto, uma metodologia consagrada de projeção econômica que tem como característica mostrar os fluxos de compras e vendas de bens e de serviços entre os diversos setores da economia de um país (região, estado ou município) durante um determinado período de tempo, em termos monetários e seus impactos em emprego, remuneração e afins.

Foram considerados três diferentes tipos de impacto nos setores. “Setores que tiveram o seu funcionamento impactado parcialmente (com redução em aproximadamente 40% a 60%), outros com total interrupção no funcionamento (100%) e outros setores que sofreram impactos indiretos de outras atividades econômicas”, explicam.

Além do professor Umberto Antonio Sesso Filho (UEL), fazem parte do grupo outros três doutores em economia: Paulo Rogério Alves Brene (UENP), Luan Vinicius Bernardelli (UNESPAR) e Ronaldo Raemy Rangel (FGV).

Cenário nacional

O grupo começou analisando o cenário nacional, seguindo a mesma metodologia, a partir de dados do Ministério do Trabalho e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). No Brasil, teríamos uma queda de 2,2% do Produto Interno Bruto e 2 milhões de empregos formais e informais perdidos, ou seja, um aumento de 2% na taxa de desemprego no país. Além de 100 mil empresas quebrando – sendo 83 mil micro empresas, que não conseguiriam honrar pagamentos e provavelmente não se recuperariam. 

“Em termos absolutos, ou seja, em número efetivo de demissões, os setores mais fortemente atingidos serão o comércio, os serviços domésticos e a cadeia produtiva do setor de vestuário. Em termos relativos, os setores atingidos serão os serviços jurídicos e de consultoria empresarial, atividades de lazer e cultura, e serviços imobiliários”, estimam.

Londrina

Londrina também foi analisada, e os resultados mostram queda de 1,66% do rendimento do trabalho com a perda de 3 mil empregos formais (819 de ensino fundamental, 1.684 de nível médio e 502 de nível superior), além do fechamento de 170 micro e pequenas empresas. 

Os principais setores prejudicados em valores absolutos de perda de empregos seriam: comércio; transporte; vestuário; alimentação; atividades imobiliárias; organizações associativas; recreação e cultura e outros serviços pessoais.

O estudo parte agora para os municípios do Norte Pioneiro (a exemplo de Cornélio Procópio, Andirá, Cambará e Jacarezinho).

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