O Ministério Público do Paraná (MPPR) denunciou, nesta quarta-feira (20), Jorge José da Rocha Guaranho, policial penal federal que assassinou o tesoureiro do PT, Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu no último dia 9.
Diferente da Polícia Civil, que qualificou o homicídio por motivo torpe, o MP fez a denúncia apontando motivo fútil, e ainda perigo comum. Guaranho deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e segue na enfermaria do hospital Municipal Padre Germano Lauck, sob escolta policial.
Mesmo que já tenha oferecido a denúncia, o MP ainda vai juntar as perícias dos celulares do autor do crime bem como do responsável pelas câmeras de segurança da associação em que estava ocorrendo a festa.
O Instituto de Criminalística (IC) estima que dentro de dez dias os laudos do confronto balístico, análise das câmeras de segurança, celulares, carro do autor e do local de morte devam ser concluídos e anexados à denúncia.
Após a conclusão do inquérito, segundo o promotor Luis Marcelo Mafra, o MP tinha a preocupação de cumprir o prazo legal para apresentação da denúncia para evitar que o autor do crime fosse solto. Embora ainda esteja internado, o atirador está sob escolta policial e assim que tiver alta deve seguir para prisão.
Crime político
Apesar de os promotores entenderem que houve motivação política no crime, não foi possível adequar a denúncia a este motivo. “A denúncia é técnica, de termo estritamente jurídico, modo fiel os fatos do jeito que aconteceram. O objetivo é a condenação do acusado no máximo rigor da lei, nos exatos termos da denúncia”, explicou Mafra.
“Embora reconheça a motivação política dele [Guaranho], isso é evidente e está mais do que claro, nós não temos a lesão ao bem jurídico que é o Estado como ente político. Nós não identificamos uma adequação típica”.
Tiago Lisboa Mendonça, que também é promotor do caso, disse durante a coletiva realizada nesta tarde que o objetivo do MP é a condenação do acusado, cuja pena pode partir de 12 anos por conta das qualificadoras.
Além disso, Mendonça também falou sobre a motivação do crime – uma divergência partidária entre o homicida, que é apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), e a vítima, que chegou a concorrer ao cargo de vice-prefeito de Foz do Iguaçu pelo PT.
“Esperamos que sirva de freio para a violência que nosso país está vivendo no campo político partidário. Enquanto Ministério Público não toleraremos este tipo de comportamento”.
Relembre o caso
Marcelo Arruda era guarda municipal, dirigente sindical e estava comemorando aniversário de 50 anos na noite do último dia 9, juntamente com amigos e familiares. A decoração da festa era alusiva ao PT e ao ex-presidente Lula.
Garanho ficou sabendo da festa por meio de outras pessoas e foi até a Associação Recreativa Esportiva Segurança Física de Itaipu (Aresf). Ele discutiu com a vítima e deixou a festa, mas acabou retornando cerca de quinze minutos depois, gritando ‘aqui é mito’ e ‘vou matar todo mundo’.
O autor atirou contra o aniversariante, que correu e caiu na sequência. Neste momento a companheira da vítima, a policial civil Pamela Suellen Silva, conseguiu empurrar Guaranho. Isso permitiu que Arruda revidasse atirando contra o acusado, que também caiu ao ser ferido.
Ambos foram socorridos, mas Marcelo Arruda faleceu na madrugada de domingo (10).
Veja a entrevista na íntegra: