Admito que comecei a ler “A história invisível”, de Sofia Nestrovski, sem muitas expectativas. A sinopse, de uma garotinha que em seu aniversário de sete anos deseja ficar invisível (e consegue) na busca de combater o tédio, não havia chamado minha atenção.
Mas creio que, dentre muitos outros, esse foi um dos motivos que me fez apreciar o modo como Sofia Nestrovski conduz a história da personagem principal. Iniciei a leitura acreditando que seria uma obra infantil e não podia estar mais errada.
De cara, o leitor é apresentado à personagem que vai acompanhá-lo no livro: Sofia, de sete anos, que “passa os dias conversando com as próprias ideias” e buscando aventuras para se livrar do tédio que a assombra.
Sofia Nestrovski
Após se tornar “invisível, órfã e livre”, como queria, Sofia passa a perambular por um mundo mágico onde tem a chance de visitar o interior de uma grande árvore, conversar com animais e aprender a enxergar tudo aquilo que normalmente não é visível: os pensamentos de um peixe e os diálogos que podem existir entre as pedras, por exemplo.
Com uma escrita errática, parece que o leitor está dentro da cabeça de uma criança, neste caso de Sofia, escutando seus pensamentos frenéticos e questionamentos perspicazes.
O que surpreende na obra é justamente o fato de Nestrovski escrever como se fosse Sofia narrando seu próprio mundo, sonhos, desejos e medos, e o sentimento nostálgico que traz de volta ao leitor experiências da infância.
Não sei se perdemos ou aprendemos a esquecer esse jeito de pensar de criança, mas o livro é uma ótima forma de relembrar que, na infância, tudo é indefinido e um mistério. E, nas palavras de Nestrovski, se nada é definido, então tudo é possível.
Livro
“A história invisível”, de Sofia Nestrovski (2022). Fósforo, 104 páginas, R$ 64,90 ou R$ 44,90 (e-book). Com ilustrações de Danilo Zamboni.