O prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD), anunciou em maio de 2023 a compra, por R$ 200 milhões, de 70 ônibus elétricos para a Rede Integrada de Transporte de Curitiba. No início de setembro viajou para um conosquinho promovido pelo ex-governador de São Paulo, João Dória, em Washington D.C., EUA, e aproveitou para pedir ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) recursos para uma nova concessão do transporte coletivo em Curitiba com a meta de ter uma frota 100% elétrica.
O momento para a conversa de Greca com Ilan Goldfajn, presidente do BID, sobre o assunto não poderia ser melhor. Curitiba está prestes a encerrar a concessão do serviço de transporte coletivo licitada em 2009. E irá abrir nova licitação provavelmente em 2024.
Com o foco dos órgãos internacionais em propostas que levem em consideração o aquecimento global e a necessidade de mitigar seus efeitos, Curitiba decidiu pela meta de eletrificar a frota, movimento já realizado em outras capitais, como São Paulo. Não se trata só de preocupação ambiental, mas de posicionamento estratégico para garantir dinheiro externo.
Justamente por isso, os 70 veículos a serem comprados por Greca já têm destino certo: a linha Interbairros II, parte do Programa de Mobilidade Urbana Sustentável de Curitiba já financiado pelo BID por US$ 106,7 milhões.
A contemplação das linhas Interbairros II é uma sorte da família Gulin, que detém 63% da frota da linha hoje e portanto verá seus veículos substituídos por unidades novas e elétricas financiadas pela prefeitura.
Os inúmeros registros da assessoria da imprensa sobre a compra dos ônibus elétricos para Curitiba não explicam em que condição eles serão entregues às atuais concessionárias do transporte coletivo.
A compra dos ônibus acontece ao mesmo tempo que a cidade elabora o novo edital do transporte coletivo. Em 2009 a URBS valorizou a experiência e a frota das empresas que já operavam ônibus biarticulados em canaletas exclusivas no edital da licitação do sistema, o que deu vantagem às concessionárias da época.
O sistema de pontos do edital da URBS em 2009 considerava dentro da proposta técnica cinco itens:
- Experiência na operação de transporte coletivo – até 20 pontos
- Experiência na operação de linhas de transporte coletivo de passageiros, que na maior porção de seu trajeto opere em canaletas, corredores, vias ou faixas exclusivas – até 10 pontos
- Proposta de Antecipação do Prazo de Início de Operação – até 20 pontos
- Transporte de Interesse Social – até 20 pontos
- Projeto de melhoria operacional – até 30 pontos
- reduzir ocupação por viagem – até 5 pontos
- melhorar velocidade média operacional – até 5 pontos
- Atingir mais de 80% de veículos acessíveis – até 5 pontos
- Capacitar funcionários – até 5 pontos
- Percentual de 5 a 10% de veículos com biocombustível – até 5 pontos
- Mais de 75% de veículos com motores EURO III – até 5 pontos
Na época, além da experiência das empresas que já operavam o sistema com transporte coletivo e transporte em canaletas, elas também se saíram bem no item Antecipação de Prazo de Início de Operação, porque já tinham os veículos e poderiam começar imediatamente, ao contrário de outras empresas que não tivessem a mesma experiência.
Acesso a denúncia de fraude no transporte coletivo de Curitiba na licitação de 2009 , veja em: G1PR ( delação premiada de Sacha Reck).
Retificando: …que propus no CONCITIBA, para evitar a repetição da fraude de 2009.
A matéria faz um alerta importante. Os empresários atuais, particularmente os Gulins , se beneficiaram da licitação de 2009, pela cláusula da experiência de 25 anos no modal de Curitiba, com a experiência dos motoristas em canaletas exclusivas e embarque elevado nas estações tubo, que só Curitiba tinha, eliminando assim a concorrência. Esse tal edital para 2025 , feito a 7 chaves pela URBS, sequer tem diretrizes que propus no CONCITIBA , não acatada , devido a fraude na licitação de 2009 ( vide no YouTube a delação premiada do advogado Sacha Reck), pode impor cláusulas novamente que impeçam a entrada de concorrente.