Dados divulgados pelo hospital Pequeno Príncipe, especializado em atendimento infantil, demonstram que a violência contra crianças dobrou em dez anos em Curitiba e região metropolitana. Os maiores agressores são familiares das vítimas.
Os dados são referentes a pacientes atendidos na unidade, que recebe crianças e adolescentes de Curitiba e Região Metropolitana. O quantitativo, todavia, deve ser maior, uma vez que há atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs).
No Brasil os dados também revelam aumento de denúncias referentes aos maus-tratos contra crianças: Em 2023 cresceu 50% quando comparado ao do ano anterior. Foram mais de 228 mil ligações para o Disque 100, denunciando casos que envolveram crianças e adolescentes de 0 a 17 anos.
Pequeno Príncipe
De acordo com o levantamento do hospital, no ano passado foram atendidas 745 crianças e adolescentes, das quais 412 tinham 4 anos ou menos. A maioria foi vítima de abuso sexual: 435, inclusive um bebê de quatro meses.
No Pequeno Príncipe, 73% das agressões identificadas em 2023 foram praticadas por um familiar. “Usualmente são familiares próximos, que, na maioria dos casos, mantêm algum vínculo afetivo com aquela criança ou adolescente”, ressalta a psicóloga Daniela Prestes, do hospital.
Depois do abuso sexual, as principais forma de violação dos direitos das crianças e adolescentes que chegaram ao hospital foi a negligência, seguida por agressão física. Veja o histórico:
De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Curitiba com informações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), demonstra que crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos são as maiores vítimas de violência sexual. Os dados são referentes a 2022 e indicam que houve 545 notificações no sistema.
Em casos em que a criança é retirada da família em virtude de violência, a Fundação de Ação Social (FAS), que tem sete abrigos próprios e 15 conveniados para atender pessoas de zero a 18 anos vítimas de maus-tratos.
Leia também: “Brincar no MON” tem atividades gratuitas para crianças neste domingo
Contudo, mesmo nos abrigos, há registros de violência contra as crianças. Nesta semana a presidente da FAS, Maria Alice Erthal, teve de prestar esclarecimentos aos vereadores de Curitiba depois que o Intercept Brasil revelou agressões contra crianças autistas na Casa do Piá 1.
Denuncie
Em caso de agressão, abuso sexual ou quaisquer outros tipos de violência contra crianças e adolescentes é possível acionar a Polícia Militar (PM) por meio do 190 ou pelo disque 100, do Ministério dos Direitos Humanos. As ligações são anônimas e gratuitas.
Também é possível acionar o Conselho Tutelar (cheque aqui os telefones de Curitiba).