Maioria dos casos de violência sexual contra crianças ocorre em casa

Sete a cada dez notificações registradas no Sinan têm a residência como cenário

O “Maio Laranja” marca ações de conscientização para combater violência sexual contra crianças e adolescentes. Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) apontam que a maioria das violações ocorre em casa. Para auxiliar as vítimas a identificarem situações, a criatividade tem sido uma ferramenta importante.

A campanha “defenda-se”, do Centro Marista de Defesa da Infância, ajuda a crianças e adolescentes entenderem quais os limites do afeto e quando isso passa a ser violação de direitos.

Desde 2014 vídeos educativos são disponibilizados gratuitamente no site ou no Youtube para educar, de forma lúdica, crianças e adolescentes contra exploração e abuso. Os personagens são próprias crianças, que tratam de situações cotidianas.

Leia também: Polícia registrou 82 boletins de cibercrimes sexuais contra crianças e adolescentes

Também há vídeos voltados para adultos, que orientam sobre como conversar e como agir com respeito com crianças e adolescentes . A ideia é desmistificar o imaginário de que crianças precisam ser submissas e obedecer adultos a todo custo.

“Muitas crianças têm dificuldades de pôr limites porque são educadas para não discordar. Há situações em que crianças são tratadas com menos respeito do que animais”, explica Cecília Landarin Heleno, analista da campanha Defenda-se, do Centro Marista de Defesa da Infância, de Curitiba.

Panorama

O Sinan aponta que 71% das notificações de violência sexual contra crianças e adolescentes entre 2020 e 2022 ocorreram em casa. Já no Disque 100, entre 2020 e 2023 a cifra é de 59%.

Só neste ano o Disque 100 registrou mais de 17 mil violações sexuais. Nos quatro primeiros meses de 2023 foram registradas, ao todo, 69,3 mil denúncias e 397 mil violações de direitos humanos de crianças e adolescentes, das quais 9,5 mil denúncias e 17,5 mil violações envolvem violências sexuais físicas – abuso, estupro e exploração sexual – e psíquicas.

A casa da vítima, do suspeito ou de familiares está entre os piores cenários, com quase 14 mil violações. Houve 837 denúncias e 856 violações de exploração sexual; de estupro, 4,3 mil denúncias e 4,4 mil violações; 1,4 mil denúncias e 1,4 mil violações de abuso sexual físico; e 2,7 mil denúncias e 3,5 mil violações de violência sexual psíquica. No total, 5,7 mil denúncias e 10,3 mil violações, segundo o Ministério dos Direitos Humanos.

Peça ajuda

Além de formalizar a denúncia junto aos órgãos que cuidam dos direitos das crianças e adolescentes (pelo Disque 100, 190 da PM, 197 da Polícia Civil e Conselhos Tutelares), o adulto que é procurado por uma criança pedindo ajuda precisa saber como reagir.

“Tem que ser uma escuta sem julgamentos. E uma conversa sincera. Explicar que pode ajudar, mas que vai ter que procurar outro adulto que possa auxiliar. Isso tudo sem julgar a criança”, alerta Cecília.

Assista aos vídeos:

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima