Artistas criam e destroem para refletir sobre produção no mundo de hoje

Coletivo de arte Em-Cadeia estreia em 11 de junho Poeira Branca no MuMa, uma performance ousada concebida durante o isolamento social imposto pela pandemia

A partir de 11 de junho, o Museu Municipal de Arte (Muma) é palco para uma reflexão sobre os desafios do mundo contemporâneo, incluindo epidemias, conflitos, destruição ambiental e autoritarismo. A proposta ousada do coletivo de arte Grupo Em-Cadeia tem o título de Poeira Branca e explora o papel da produção industrial como solução e causa desses problemas.

Na performance, os jovens artistas Barbara Haro, Isabela Picheth, Luiz Moreira, Luiza Urban e Priscilla Durigan serão vistos atrás de uma vitrine de vidro, imersos em um ambiente que replica uma linha de produção industrial. Durante um mês, eles seguirão rigorosamente normas industriais, trabalhando com gesso – material associado à escultura, mas com ampla utilização na construção civil. No entanto, o que diferencia essa performance é o destino final dos produtos: eles serão destruídos pelos próprios criadores. Assim, Poeira Branca desafia a necessidade de produção incessante em um mundo marcado pela excessiva produção e desperdício. Após o período de performance, os resíduos do processo ficarão expostos por duas semanas no museu. Todo o processo será registrado e publicado no site do Grupo Em-Cadeia.

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Subversão da lógica

“Com a performance duracional, os artistas transportam a estrutura industrial para o espaço expositivo, mas vão além, subvertendo essa lógica ao incluir a destruição do produto na própria linha de produção”, afirma o curador Fernando Ribeiro. Desta forma, os artistas convidam o público a produzir sua própria reflexão sobre individualidade, fragilidade, lógica e irracionalidade.

Concebida em 2020 durante o isolamento social da pandemia de Covid-19, Poeira Branca recria um ambiente esterilizado e mecanizado, onde corpos são apenas formas anônimas. O gesso, inicialmente um pó branco fino, retorna a essa forma ao ser destruído. Ao levantar no ar, forma uma neblina que obscurece a visão, tornando os contornos difusos. “Essa sujeira branca, ao se espalhar, marca não só a presença dos corpos, mas também seus movimentos, conectando o espectador com a materialidade da performance”, explica o curador.

Coletivo Grupo Em-Cadeia

O Em-Cadeira desenvolve pesquisas que envolvem diferentes linguagens contemporâneas como pintura, escultura, instalação, performance, videoarte, fotografia e atualmente webart. Formado no final de 2019, se volta ao circuito das artes visuais e cria, a partir da diversidade, relações em cadeia. Este projeto do grupo é realizado com recursos do Programa de Apoio de Incentivo à Cultura – Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba, com realização e produção da Rumo de Cultura.

Poeira Branca

Performance

De 11 de junho a 06 de julho, terças e quintas-feiras, das 10h às 13h; quartas e sextas-feiras, das 15h às 18h; sábados; 22/06, das 10h às 13h; 06/07, das 10h às 11h (encerramento + início da exposição/abertura até 14h). Entrada gratuita.

Exposição

De 06 a 28 de julho; 10h às 19h. Entrada gratuita.

No Muma – Museu Municipal de Arte – Portão Cultural (Av. República Argentina, n.º 3.430, Portão).

Outras informações no site do coletivo ou no Instagram da Rumo de Cultura.

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