No último fim de semana um homem de 60 anos morreu em frente ao Mercado Municipal de Curitiba. Ele adormeceu e não acordou. O corpo foi retirado do local e encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML). A suspeita é de que não tenha suportado o frio.
Ele é uma das mais de 3,3 mil pessoas em situação de rua em Curitiba. Os dados, contabilizados até julho de 2023 pelo Ministério dos Direitos Humanos, apontam ainda que o Paraná tem mais de 13,3 mil pessoas que não têm onde morar.
Além dos desafios da violência e da falta de estrutura para cuidados básicos como higiene e alimentação, quem está em situação de rua também enfrenta o clima.
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O Sistema de Meteorologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) aponta que na próxima semana as máximas não passam de 14 graus em Curitiba. Em alguns dias a mínima pode ser de 9 graus.
O frio intenso que pode ter provocado a morte do homem no fim de semana coloca todos os que estão em situação de rua ou desabrigados em perigo.
De acordo com o Ministério da Saúde em temperaturas muito baixas há risco de hipotermia, que ocorre quando a temperatura corporal da pessoa fica abaixo de 35 graus. “Os sintomas incluem palidez, tremores intensos e extremidades geladas”, explica um texto publicado no site institucional da pasta.
Entre outros cuidados, a orientação do Ministério da Saúde é para que as pessoas mantenham a hidratação e protejam as extremidades do corpo usando calçados impermeáveis e meias de lã para manter os pés secos e quentes.
Curitiba
Nesta semana o vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD), que é pré-candidato à prefeitura, publicou um vídeo em suas redes sociais ensinando como esquentar os pés com jornal. O material publicitário foi veiculado dias após o falecimento do homem em situação de rua.
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O vídeo repercutiu de forma negativa. Adversários políticos criticaram a postura da atual administração. Luciano Ducci (PSD), afirmou que uma cidade como Curitiba “não pode permitir que pessoas morram de frio”. “É preciso trabalhar com seriedade para que todos tenham dignidade em Curitiba”, publicou em suas redes sociais o deputado.
O deputado Goura (PDF), que deve ser vice na chapa do Ducci, incentivou os seguidores a fazerem doações para ajudar quem está em situação de rua. “São mais que urgentes novas políticas na capital para realmente acolher e diminuir o número de gente vivendo nas ruas (…). Se puder, doe e fortaleça as instituições sociais que há anos vêm fazendo o que o poder público deveria fazer”, escreveu o parlamentar.
Fas
Conforme dados da FAS, Curitiba tem 31 unidades de acolhimento, das quais 27 funcionam 24 horas por dia. No total são 1.549 vagas de acolhimento institucional.
No caso do senhor encontrado morto, a Fundação explicou que ele era atendido pela prefeitura desde 2015 e que na noite anterior ao falecimento saiu da Casa de Passagem Padre Pio por vontade própria.
Para ajudar pessoas que estão em situação de rua é possível acionar a prefeitura por meio do 156, a qualquer horário. Os encaminhamentos das pessoas para locais de acolhimento dependem do aceite delas à abordagem das equipes da FAS.
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Cidadãos também podem fazer doações diretamente nos prédios da prefeitura: FAS (Rua Eduardo Sprada, 4.520), nos 29 Centros de Referência de Assistência Social (Cras), 10 Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas), nas Ruas da Cidadania, Instituto Curitiba de Saúde (ICS), Palácio 29 de Março (Prefeitura de Curitiba) e empresas parceiras.
Ajuda
Além disso, há projetos sociais e Igrejas que também auxiliam quem está em situação de rua.
Para ajudar com alimentação é possível entrar em contato com o Sopão Curitiba ou com o Mãos Invisíveis.
Para doação de roupas e cobertores basta falar com o Aquecendo Corações Curitiba. Além disso, para cuidados com higiene pessoal, além da doação de itens, dá para pagar três banhos para quem está em situação de rua por apenas R$ 30 neste projeto.
Entre em contato com os projetos no Instagram:
no frio do sul maravilha ou
em outro lugar qualquer…
nas ruas a humilhação diária
que sofre quem aí sobrevive
reflete a sociedade canalha
do capital alado em crimes
na polícia e igrejas bizarras
assim afirma quem nela vive