Peça de Mauro Zanatta fala sobre corrupção e honestidade na vida cotidiana

Como vamos continuar daqui pra frente, pergunta a peça com texto e direção de Mauro Zanatta, que faz temporada no Espaço Excêntrico

A peça teatral “Cidades Mortas” é um olhar irônico sobre a naturalização dos meios usados na construção de cidades e vida em sociedade, onde honestidade e corrupção se confundem como modelos de existência social.

Entre o entretenimento e a reflexão, “Cidades Mortas” traz “acontecimentos históricos da instalação de uma nação sobre florestas e terras férteis”. A obra aborda questões que permeiam a construção social do país, propondo uma reflexão sobre a cidade versus manutenção da vida, entendendo a relação meio ambiente/cidade/sociedade como uma construção viva.

Com texto baseado no conto “Um Homem Honesto”, de Monteiro Lobato, na “Carta” de Pero Vaz de Caminha e no “Sermão do Bom Ladrão”, do Padre Antônio Vieira, conduz a uma viagem pelo imaginário coletivo, instigando o olhar sobre aquilo que vemos como nação.

Em cena estão Stella Mariss e Mauro Zanatta, que também assina a direção e é o autor do texto. A partir da história de João, que vê sua vida virar de pernas pro ar ao encontrar uma mala cheia de dinheiro, o texto joga um olhar irônico sobre a naturalização dos meios usados na construção de cidades e da vida em sociedade, ambiente em que honestidade e corrupção se confundem como modelos de existência social.

Na cabeça de Mauro Zanatta já faz um tempo que o projeto iniciou, de certa forma, com seu interesse pelo debate honestidade x corrupção. Mas foi no final de 2023 que antiga vontade de fazer um trabalho com Stella Mariss ganhou força e tomou corpo a partir de um trabalho anterior já realizado sobre o tema, em vídeo.

Dali, para construir e mostrar o texto no palco, foi tomar coragem e aceitar a data que calhou de ser na Mostra À Curitibana, no Fringe do Festival de Curitiba, em abril passado, com o trabalho ainda em processo. E vieram perguntas que, junto com possíveis respostas, foram moldando a peça, que continua sendo desenhada e traz Curitiba nas entrelinhas, assim como a História do Brasil e os brasileiros como um todo.

“A obra aborda questões que permeiam a construção social do país, propondo uma reflexão sobre a cidade versus manutenção da vida, entendendo a relação meio ambiente/cidade/sociedade como uma construção viva”, explica a dupla de criadores.

Entre o entretenimento e a reflexão, “Cidades Mortas” provoca ao trazer “acontecimentos históricos da invasão de uma nação sobre florestas e terras férteis”. “É engraçado que ao pensar em corrupção as pessoas façam um contato direto com a questão política partidária, colocando a corrupção apenas dentro de instituições. Sim, lá também. Mas a primeira ‘instituição política’ foi a caravela, que chegou corrompendo as culturas locais. As culturas dos povos que moravam aqui foram quebradas no meio e distorcidas. A ideia é trazer esse lugar de corrupção, lá do começo, e mostrar o resultado, em algumas metáforas, como a do “super condomínio fechado”, pontua Zanatta.

E aí, o foco vai para o indivíduo e suas “pequenas corrupções”. “Aqueles pequenos dilemas: falo que ele me cobrou a menos ou não? Porque a arte faz isso, ela pega pelo emocional e te coloca nos lugares”, completa Stella.

A dupla encerra afirmando que “uma desconfiança paira sobre nossas cabeças: “Afinal, o que é uma cidade? Ou, como vamos continuar daqui pra frente? E nossa mais sincera desconfiança diz que, talvez, seja dando um passo atrás”.

Serviço
Cidades Mortas
De 13 a 28 de julho. Quinta a sábado às 20h e domingo às 19h
Espaço Excêntrico Mauro Zanatta (R. Lamenha Lins, 1429 – Rebouças)
R$40 inteira e R$ 20 meia
Ingressos: Sympla

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