Ofício circular da prefeitura de Araucária, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), pede para que servidores retirem alimentação, água e abrigo de animais de rua que vivem nas imediações de locais públicos da cidade. O documento é assinado pela secretária de administração, Yasmin Hissam Dehaini, filha do prefeito Hissam Hussein Dehaini (sem partido).
“Tal medida vem em resposta ao solicitado via Ouvidoria Municipal, onde recebemos denúncia de manutenção de animais nos espaços públicos, o que vem ocasionando transtornos as transeuntes”, diz o documento.
O texto também cita a Lei Municipal 1529/2004, que proíbe a permanência de animais de rua em logradouros públicos.
Todavia, a circular emitida pela filha do prefeito não diz para onde serão levados os animais após a retirada de abrigo, alimentação e água.
Reação
Protetoras de animais criticaram a medida adotada pela prefeitura. Elas formam uma rede independente na cidade e sequer foram consultadas a respeito do ofício.
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Nesta tarde de quarta-feira (24) está prevista reunião entre servidores da prefeitura e as ativistas se organizaram para participar.
Em Araucária há mais de 300 animais abrigados por protetoras independentes. Uma delas tem mais de 70 animais sob seus cuidados.
A medida da prefeitura em proibir cuidados com os animais em prédios públicos pode agravar a situação no município. “Quem cuida desses animais é a população. Eles têm roupinhas, casinha e alimentação. Retirar isso não vai acabar com o número de cães nas ruas, ao contrário. A prefeitura só quer retirar dos prédios públicos, mas não assume a responsabilidade de cuidar”, critica Ana Carolina Barreto, uma das protetoras voluntárias, que atua tanto em Araucária quanto em Curitiba, junto com a esposa Monique Soczek.
Prefeitura
De acordo com informações oficiais do site da prefeitura de Araucária há 17 animais cadastrados na Secretaria de Saúde para adoção (confira aqui). Outros quatro figuram para serem adotados, mas estão sob tutela da rede de proteção animal (veja aqui).
O município mantém os animais no Centro de Controle de Zoonoses, mas não existe um abrigo municipal para acolhimento institucional dos animais.
Leia a íntegra do ofício:
Surpresa, nenhuma. Indignação, total. Então que forneça habitação, água e comida ela mesma (a cidade), porém sabemos como não há estrutura para isso. Além disso não há clínica veterinaria pública ou atendimento veterinário gratuito para atendimento de nossos pets, embora houvesse numa gestão passada. E há um problema de sobre-população na cidade. Me parece uma atitude feita sem empatia que apenas agravará a atual situação.