Nem mesmo o frio de Curitiba afastou os cerca de 80 curitibanos que participaram na última terça-feira (13) da Audiência Pública para discutir o corte de mais de 237 árvores na Avenida Pres. Arthur Bernardes. O mesmo não parece ter acontecido com os representantes de órgãos públicos, que apesar de serem convidados não participaram da audiência.
Foram convidados representantes do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba (Ippuc), Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Secretaria Municipal de Obras Públicas, Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo (GAEMA), Promotoria de Meio Ambiente (Ministério Público), Núcleo da Cidadania e Direitos Humanos (NUCIDH) e Núcleo Itinerante das Questões Fundiárias e Urbanísticas (NUFURB). Nenhum apareceu.
A vereadora Giorgia Prates (PT), responsável pela proposição que solicitou a realização da audiência, lamentou a ausência de representantes do Judiciário e do Executivo. “É vergonhosa a maneira como responderam, e alguns nem responderam ao convite. O papel deles seria estar nessa audiência hoje, é um desrespeito com a população que há semanas vem levantando essa temática”, disse Prates ao Plural.
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Ao todo cerca de 120 pessoas participaram da audiência (80 presencialmente e 40 on-line). Além dos participantes, estiveram presentes o vereador Marcos Vieira (PDT), o deputado estadual Goura (PDT), a arquiteta e urbanista Laís Leão, as moradoras da região Verônica Rodrigues e Adriana Carneiro e curitibanos adeptos ao movimento S.O.S Arthur Bernardes.
Ao longo da audiência os moradores da região lamentaram e criticaram o corte de árvores e a impermeabilização do solo que deve acontecer caso as obras do novo Inter 2 prossigam na região. Outra crítica feita pelos participantes foi a falta de escuta da prefeitura.
De acordo com a prefeitura, desde 2019 foram ouvidas cerca de 2.426 pessoas. “Na verdade, questionamos como funcionam esses canais de acesso da prefeitura. Até porque se em cinco anos eles escutaram cerca de duas mil pessoas, nós em dois meses e meio de trabalho conseguimos chegar em cinco mil e trinta assinaturas contrárias ao projeto ”, disse Verônica Rodrigues, moradora da região e ativista pela causa ambiental.
Em meio as ausências, de certo modo até esperadas, o que mais incomodou os participantes foi uma resposta dada pelo atual prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD), em uma publicação feita em suas redes sociais. “Vire o disco. Não há nada em causa que não possa ser compensado.”
Ao que tudo indica, os curitibanos não vão trocar de música e vão seguir tentando ser ouvidos. Durante a audiência ficou estabelecido que ofícios serão encaminhados ao Ministério Público e a Defensoria Pública na tentativa de paralisar as obras.
horrível fazerem isto com as árvores, com as pessoas, o mais importante sempre é o dinheiro, maldito dinheiro