O brasileiro que tem algum juízo deve ter pedido na virada do ano, caso seja desses que acreditam em algo, que a maluquice do bolsonarismo chegasse enterrada às eleições de 2024.
Podia até parecer que as coisas estavam indo bem: os malucos do 8 de janeiro estão indo para a cadeia, o ex-presidente ficou inelegível e, afinal, temos uma pessoa na Presidência capaz de passar em um exame psicotécnico.
Mas, ai de nós… Embora em algumas capitais a situação seja mais tranquila, a maior cidade do país de uma hora para outra tira sabe-se lá de qual círculo do inferno um novo e ensandecido projeto de ditador.
A situação é tão calamitosa que ouvi amigos dizendo que nunca se imaginaram odiando algum candidato mais do que odiaram os Bolsonaro. Pablo Marçal parece ser o irmão que Carluxo teria de renegar por ser insensato demais.
Fosse apenas mais um homem tóxico, seria possível manter a esperança no país para os próximos anos. Porém, segundo as últimas pesquisas, ele é um homem tóxico que tem o voto de um quinto dos paulistanos.
Podemos ter um segundo turno entre Boulos (que tem tudo para ser o sucessor de Lula na esquerda) e o coach que foi condenado por ajudar uma quadrilha de pilantras a roubar contas bancárias.
É aquilo que os incautos chamam de “polarização”, na ilusão de que se trata de um confronto entre esquerda e direita, somente. Quando, na verdade, é um confronto muito mais perigoso e decisivo, entre a sanidade e a barbárie.
O desejo de ano novo talvez tenha saído errado. Pedimos que nos livrassem do bolsonarismo, e os Bolsonaro, felizmente, estão em baixa. Mas esquecemos, aparentemente, de pedir que seus substitutos não fossem ainda mais obscenamente perigosos.