Presidente do PL Mulher no Paraná é suspeita de pagar para motoristas usarem adesivo de campanha

Assessor da candidata a vereadora Carlise Kwiatkowski teria oferecido R$ 300 para motoristas usarem adesivo. Ela nega

A Justiça Eleitoral deu um prazo para a presidente do PL Mulher no Paraná, Carlise Kwiatkowski, apresentar defesa sobre uma denúncia de abuso de poder econômico nas eleições deste ano. A suspeita é que uma pessoa ligada à campanha da candidata a vereadora em Curitiba ofereceu R$ 300 para motoristas usarem adesivos da campanha até o dia 7 de outubro, um dia após o primeiro turno das eleições. No último dia 15, o juiz eleitoral Irineu Stein Júnior deu um novo prazo para a candidata apresentar defesa.

O caso foi encaminhado à Justiça Eleitoral pelo candidato a vereador Gerolane Granowski Ferreira (PT). Segundo o pedido de Ação de Investigação Judicial Eleitoral, uma pessoa chamada Thiago Pedroso, que se apresentava como coordenador da campanha de Carlise Kwiatkowski, oferecia uma “proposta de renda extra” para motoristas que aceitassem usar um adesivo perfurado da candidata em seus carros. O valor seria de R$ 300 por motorista, com possibilidade de pagamento de comissões para quem indicasse outras pessoas dispostas a usar os adesivos.

O material enviado pela advogada Ana Paula Gnap à Justiça Eleitoral inclui prints de mensagens que teriam sido enviadas por Pedroso em um grupo de WhatsApp. “Sou coordenador da campanha da Carlise, estamos recrutando 100 motoristas parceiros para estar plotando o vidro traseiro com adesivo perfurado (dentro das normas exigidas) o valor que cada motorista irá receber será de 300 reais”. 

Ele teria informado também que o motorista “que mais indicar outros motoristas” receberia R$ 100. O segundo receberia R$ 75, e o terceiro que mais indicasse ganharia R$ 50. Questionado por um participante do grupo sobre o teor da campanha e o período de uso da plotagem, Pedroso teria informado que seria por um mês, até o dia 7 de outubro. “Seria para a campanha da candidata a vereadora de Curitiba Carlise”.

Os prints mostram ainda que Pedroso teria ligado para um dos motoristas. Em seguida, teria informado que o pagamento seria feito em duas vezes. “Pagamento será em duas vezes, 200 quando colocar dia 7 mais 100, pois tivemos alguns casos que foi pago o valor integral e a pessoa retirou o adesivo a duas do local que foi colocado, infelizmente por causa de alguns assim todos sofrem”.

Seriam selecionados 42 motoristas, de acordo com a denúncia protocolada no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, e o administrador do grupo receberia R$ 1 mil. “A proposta que consegui foi das 42 indicações seria pago 300 reais para cada motorista”. O administrador do grupo teria achado o valor baixo. “É que para o partido fica um gasto alto também, pois já será pago para cada motorista”, teria respondido Pedroso.

O anúncio também seria sido feito pelo perfil de Thiago Pedroso, a partir de Colombo, em um grupo no Facebook chamado “Vagas Limitadas”. “Renda extra para motorista de App em Curitiba”, diz a mensagem, com o número do celular de Pedroso.

Ao Plural, Carlise Kwiatkowski disse desconhecer Thiago Pedroso. Ela afirmou que se trata de uma mentira, que suas contratações são feitas dentro da lei e que tomará medidas legais. “Desconheço esta assessoria (Thiago Pedroso). E a denúncia é infundada, fake news. Todas as minhas contratações estão sendo feitas por contratos conforme prevê a lei eleitoral. Já estou acionando os meus advogados e tomaremos as devidas providências legais”, disse Carlise. A candidata foi presidente do Provopar e assumiu a presidência do PL Mulher em abril de 2022. Em suas redes sociais, Carlise tem fotos ao lado da ex-primeira-dama Michele Bolsonaro, presidente nacional do PL Mulher.

A reportagem entrou em contato com Thiago Pedroso no início do mês, pelo número que consta nas mensagens de WhatsApp anexadas à denúncia. Ele pediu para ver qual a propaganda postada no Facebook. “Ah sim amigo, vou verificar a disponibilidade de vaga e já te retorno”, disse Pedroso. Não houve mais retorno. Em novo contato na semana seguinte, Pedroso disse que não trabalha em nenhuma campanha e que suas contas foram invadidas. “Tive problemas com minha conta e celular, não trabalho em nenhuma campanha”, afirmou. “Hackearam tudo mas graças a Deus consegui recuperar”.

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