Estudantes acusam professor da UFPR racismo e alegam hostilidade em sala de aula

Denúncia contra o docente foi encaminhada ao Ministério Público Federal. Universidade não se manifestou

O gabinete da vereadora Giórgia Prates (PT) encaminhou um ofício ao Ministério Público Federal (MPF) pedindo investigação contra o doutor José Estavam Gava, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, acusado de racismo e hostilidade contra estudantes. O caso foi denunciado por alunos e o Plural teve acesso a gravações e e-mails.

Gava é chefe do Departamento de Artes da UFPR e de acordo com membros do Centro Acadêmico de Música (MusiCA) e do Centro Acadêmico de Artes Visuais (CAAV) houve solicitação para que ocorresse reunião com a diretora do setor para obter orientações sobre como proceder em relação às atitudes grosseiras e racistas do professor. A recomendação foi acionar as instâncias administrativas, o que foi feito. Todavia, até agora não houve prosseguimento ao caso, segundo os estudantes.

Ele discutiu um estudante durante uma reunião entre docentes e representantes discentes e chegou a mandar um aluno calar a boca.

Racismo

Estudantes também denunciam assédio contra alunos negros. Relato de membros do centro acadêmico de música, e encaminhado para a pró-reitoria de assuntos estudantis, aponta agressões verbais contra um estudante angolano.

Em sala de aula, conforme denúncia encaminhada ao MPF, o docente disse: “vigorava a sociedade escravista e servil, 100% dominadora, mas pelo menos estávamos em contato com a natureza, ‘ah, eu sou escravo, mas, pelo menos eu tenho o céu, tenho as estrelas, tenho os pássaros, as árvores, posso tomar um banho de rio se eu quiser’, hoje em dia a gente não pode fazer isso”.

O momento da fala foi gravado por estudantes, que também denunciaram que não estudam música africana porque o docente acha desnecessário e alega não haver literatura para subsidiar as aulas.

Slide da aula do curso de música, na UFPR | Foto: reprodução

“A mesma mentalidade que gera violência contra os estudantes por estar numa posição de poder é a que despreza o fato de que pessoas foram sequestradas, retiradas da sua terra, mantidas em cativeiros, submetidas recorrentemente a torturas e privadas da sua humanidade. Tratar da escravidão de modo tão casual (‘mas pelo menos’) é um desrespeito para cada estudante presente nessa aula, ainda mais considerando o modo agressivo com que o professor responde a críticas”, diz o documento enviado ao MPF pela vereadora Giorgia Prates.

Em 23 de setembro de 2024 a reportagem do Plural entrou em contato com a UFPR solicitando entrevista com o professor e questionando sobre eventuais procedimentos administrativos abertos após denúncias dos estudantes, mas não obteve resposta.

Na quinta-feira, 26 de setembro de 2024, por meio do aplicativo WhatsApp, o próprio professor foi questionando sobre a denúncia encaminhada ao MPF, mas não respondeu às mensagens.

O texto será atualizado se a UFPR e o docente se manifestarem. Leia a íntegra da denúncia:

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