Tarifa paga às concessionárias do transporte foi reajustada 64% acima da inflação

Aumento dos valores pagos pelo serviço foi na contramão do número de passageiros atendidos e quilômetros rodados desde 2010

Desde que foi licitado, o serviço de transporte coletivo de Curitiba vive uma vida dupla. Na catraca, o usuário paga uma tarifa social, mas no caixa da URBS, que gerencia o sistema, o valor pago para as empresas concessionárias é diferente. Esse valor é chamado de tarifa técnica e é pago de acordo com o número de passageiros equivalentes pagantes registrados no mês. Apesar do número de passageiros ter caído ano a ano desde o início do contrato, o valor da tarifa técnica foi aumentando e ficou, segundo dados da própria URBS, 64% acima da inflação do perído entre 2010 e 2024.

No caminho contrário, desde 2010 o número de passageiros transportados pela Rede Integrada caiu 57% – foi de 25,8 milhões para 11,1 milhões por mês – e o de quilômetros rodados encolheu 49%.

Se considerado apenas o período entre 2017 e 2024, durante o mandado do atual prefeito, Rafael Greca (PSD), o reajuste pago às concessionárias ficou 34% acima da inflação. No mesmo período, a redução no número de passageiros foi de 32% (cerca de um terço) e de quilômetros rodados foi de 22%.

O custeio da Rede Integrada de transporte será central para o próximo prefeito da cidade, quando uma nova licitação deverá ser realizada. O contrato atual irá se encerrar em 2025. Este ano o déficit do sistema – a diferença entre o valor arrecadado na catraca e o pago às empresas concessionárias – já chegou em R$ 100 milhões. Essa diferença é paga pelo orçamento da cidade e seria o suficiente para construir os Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) necessários para zerar a fila para creche na cidade.

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