Listas de leituras, resenha, gostar de ler e trabalhar com minha filha

John Banville hoje só escreve sobre livros de que gosta, para empolgar as pessoas. Acho uma excelente estratégia

Por uma dessas curiosas coincidências da vida, quando sentei para escrever a coluna olhei para o lado e minha filha estava fazendo sua lição de casa. Perguntei o que era e ela respondeu que precisava fazer a resenha de um livro.

Um tempo atrás editei um livro que reunia uma série de entrevistas com autoras e autores publicadas na revista Believer. Um dos entrevistados era o John Banville que resenha livros para a New York Review of Books faz um tempão, quase no fim da entrevista ele conta que hoje prefere falar só de livros que gostou como forma de fazer as pessoas se entusiasmarem com os livros e lerem mais. É uma ótima estratégia, ouvir alguém falando animado sobre uma leitura sempre contagia. Passa aquela coisa de, poxa, também quero ter essa sensação. Quero ler esse livro.

Em 2005 o Banville venceu o Man Booker Prize com o livro “O Mar” que saiu pela Nova Fronteira e agora está na editora Globo com tradução do Sergio Flaksman. A obra do Banville sempre está na minha lista de leituras futuras, é um nome que volta e meia aparece, hoje menos do que uns anos atrás.

Falando em listas de leituras, um autor que sempre estava por ali era o Samuel Beckett. Alguns anos atrás tentei “Malone Morre”, mas a leitura não avançou. Esses dias olhando minha biblioteca vi um exemplar de “Murphy” e pensei em dar mais tentativa ao Beckett.

Desta vez foi, não é uma leitura fácil, mas é interessante. Uma coisa que me chamou a atenção é que sempre estou lendo, me sinto incomodado, difícil explicar, mas o ambiente do livro não te deixa acomodar. A edição é da finada Cosac Naify, atualmente o livro está na Companhia das Letras com tradução do Fábio de Souza Andrade.

Não tenho uma lista oficial, seria até divertido colocar no papel, gosto de deixar a ideia mais solta. Passear por uma livraria ou pela biblioteca e encontrar um título que te lembra de alguma coisa e por algum motivo em algum momento chamou sua atenção. E decidir que esta vai ser a próxima leitura. Aquela sensação de rever um velho conhecido e conservar um pouco.

Essa coisa de lista de leituras é tão maluca que lembrei que eu fazia isso com a minha filha, coitada, programava leituras e livros para ela ler. Mas no final, ainda bem, descobri que o gosto pela leitura é uma coisa delicada. E ela me mostrou que você precisa ler o que gosta, senão fica chato e é melhor fazer outra coisa. “A orquestra da lua cheia” de Jens Rassmus tradução de Sofia Mariutti e “Os fantásticos livros voadores de Modesto Máximo” de William Joyce tradução de Elvira Vigna líamos pelo menos uma vez por mês. E era uma festa.

O livro que ela resenhou aqui do meu lado foi O herói perdido, de Rick Riordan pela Intrínseca, tradução do Rodrigo Peixoto.

Sobre o/a autor/a

Compartilhe:

Leia também

Melhor jornal de Curitiba

Assine e apoie

Assinantes recebem nossa newsletter exclusiva

Rolar para cima