Por que assistir “Bonitinha, mas ordinária” na Caixa Cultural

Com Sol Miranda, Emílio Orciollo Neto e Ricardo Blat no elenco, a montagem tem ingressos concorridíssimos para a curta temporada em Curitiba 

O espetáculo “Bonitinha, Mas Ordinária”, protagonizado pela primeira vez por uma família preta, faz curta temporada em Curitiba. A estreia nesta quarta-feira (16) é também o início da turnê nacional e as apresentações seguem até domingo (20), no teatro da Caixa Cultural (na sexta-feira (18), com intérprete de Libras). A peça é dirigida por Bruce Gomlevsky e, no elenco com 16 artistas, estão Sol Miranda, Emílio Orciollo Neto e Ricardo Blat, entre outros. Até a publicação deste texto, restavam poucos ingressos à venda

No enredo, escrito por Nelson Rodrigues (1912-1980), Edgard (personagem de Emilio Orciollo Netto) recebe uma proposta de seu patrão, o severo Werneck (Ricardo Blat), para que se case com sua filha, Maria Cecília (Lorena Comparato). A união devolveria a dignidade para a jovem, recentemente estuprada por homens negros. Contudo, os desejos de Edgard são por outra mulher, Ritinha (interpretada por Sol Miranda), que trabalha para sustentar sua família.

Por que assistir “Bonitinha, mas ordinária”

Atual

Encenada pela primeira vez em 1962, “Bonitinha, mas ordinária” continua atual. Claro, muitos aspectos do texto são ligados ao universo do Brasil dos anos 60 e pedem revisões, mas os grandes temas conversam com diferentes épocas e, inclusive, com os dias de hoje. A atemporalidade é uma das motivações para a peça de teatro ser montada incansavelmente, tanto por companhias profissionais quanto grupos amadores, e também ter virado roteiro de três filmes. Estão ali a violência contra a mulher, o machismo, o racismo, o conservadorismo e a opressão do poder econômico. 

A questão racial

A montagem é protagonizada por uma família preta, com a atriz Sol Miranda em destaque num dos papéis principais do enredo. Quando o diretor Gomlevsky releu a peça, compreendeu que não há como levar a obra ao palco só com atores brancos, pois existe uma luta identitária, a exploração e a desigualdade persistem.

O teatro de Nelson Rodrigues

O autor da peça, Nelson Rodrigues, é o pai do teatro moderno brasileiro, que deixa para trás a comédia de costumes, os dramalhões e os formatos importados. Com ele, ganham espaço em nossos palcos um país mudado e a sociedade desvelada, representado pelas diferenças entre o subúrbio e a classe média, pela hipocrisia social, pelos embates entre o amor e o sexo, pela moral usada como cortina de fumaça. “Bonitinha, mas ordinária”, é um texto exemplar dessa linguagem e fazer teatral peculiar do Brasil.

Aposta certa

Atualmente, encontrar o nome Bruce Gomlevsky na ficha técnica, ainda mais como diretor, é praticamente um selo de qualidade. Com seus mais de 30 anos de carreira, ele é destaque como ator de teatro, televisão e cinema (com uma bela lista de prêmios), e está construindo uma trajetória de respeito na direção. A título de exemplo, ele estrelou “Renato Russo – A Peça”, em cartaz por mais de quatro anos no Brasil.

Além dele, o elenco faz do espetáculo um daqueles que a gente pode chamar de aposta certa, tem tudo para ser muito bom. Fora Emilio Orciollo Netto, Ricardo Blat e Lorena Comparato, estão no time Cláudio Gabriel, Júlia Portes, Alexandra Medeiros, Leo de Moraes, Marília Coelho, Sylvia Bandeira, Jitman Vibranovski, Kênia Bárbara, Ágatha Marinho, Aline Dias, Junior Vieira, Vini Portella e Leo de Moraes.

“Bonitinha, mas ordinária”

Local: CAIXA Cultural Curitiba (Rua Conselheiro Laurindo n° 280, Centro)

Datas: 16 a 20 de outubro de 2024

Horários: quarta-feira a sexta-feira às 20h | Sábado às 17h e 20h | Domingo às 19h

Sessão de sexta-feira às 20h é com intérprete de Libras

Classificação indicativa: 16 anos

Duração: 110 minutos

Ingressos: R$15 e R$30 na bilheteria da CAIXA Cultural Curitiba, e aqui.

Acessibilidade: PCD

Informações: (41) 4501-8722

Site Curitiba | CAIXA Cultural

Instagram @caixaculturalcuritiba

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