Pimentel transforma reunião com classe artística em “comício”

Candidato diz que se compromete a investir "até 3%" na cultura caso seja eleito

Na última terça-feira (22), artistas, técnicos e produtores atenderam ao convite para um “Um encontro da cultura com Eduardo Pimentel”, no Comitê Paiol, em que representantes da classe apresentariam reivindicações e ouviriam propostas. Mas a noite teve ares de comício, com palco cheio de integrantes da gestão municipal, estadual, e apoiadores, além de discursos da atual presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Ana Cristina de Castro; do artista e produtor João Luiz Fiani, secretário da cultura do Paraná durante o governo de Beto Richa (PSDB); do prefeito Rafael Greca (PSD); e do atual candidato à prefeitura. Antes do início das falas, Eduardo Pimentel (PSD) deu entrevista ao Plural.

“Até 3%”

Pimentel falou à reportagem que, se eleito, cumprirá o compromisso (assumido em sabatina com o jornal e depois em reuniões com a classe) sobre o repasse de até 3% da arrecadação do ISS e IPTU para o Mecenato Subsidiado e o Fundo Municipal, conforme teto definido na nova Lei de Incentivo à Cultura. Não há cronograma já estabelecido para isso, mas será até o final dos quatro anos de mandato, segundo o candidato que destacou o “até” antes do número três na legislação. Esse “até” é o mesmo apontado pela classe como um grande problema, pois há anos a verba fica abaixo do teto (mesmo quando ainda era 2%).

“Eu me comprometi com a cultura de Curitiba de investir até 3% na cultura. Eu quero aumentar o investimento da cultura e o compromisso durante os quatro anos [é] de a gente chegar a esse investimento de até 3% (…)”

Fundação Cultural de Curitiba

Sobre o status da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) em seu mandato, Pimentel falou que a instituição não será transformada em secretaria, mas será fortalecida para atuar como uma; e que o concurso público municipal, prometido para o primeiro semestre da nova gestão, também terá vagas para servidores que trabalharão na FCC. O candidato afirmou que a escolha de quem assumirá a presidência da Fundação será feita diretamente por ele, apesar de ainda não ter nomes em vista para o cargo.

(…) vou dar força para a Fundação Cultural. E eu que vou escolher o próximo presidente ou [a] presidente, quem vai cuidar da Fundação Cultural, sou eu que vou escolher. Vai ser uma escolha pessoal minha.”

Casa Hoffmann

A respeito do recente fechamento da Casa Hoffmann por questões de segurança, Pimentel assumiu o compromisso de reabertura até o final de seu mandato, caso eleito. O espaço é o único municipal dedicado exclusivamente à dança, com programação de atividades formativas, além de apresentações de espetáculos de artistas nacionais e internacionais.

“Eu quero permanentemente manter revitalizado os nossos espaços públicos, que são espaços de ensino. Então eu vou desde janeiro, continuar o investimento na estrutura dos espaços, fortalecendo a cultura na cidade. (…) Assumo o compromisso de reabrir [a Casa Hoffmann].”

Leia mais: Casa Hoffmann está fechada por problemas de segurança

Censura às artes

Para finalizar a entrevista, a reportagem do Plural perguntou ao candidato à prefeitura de Curitiba se ele acredita em alguma forma de censura válida à temática de projetos culturais, ou direcionamento. Em resposta, o candidato afirmou que essa responsabilidade é do Conselho Municipal de Cultura, um órgão soberano, mas que deseja uma cultura educativa para Curitiba. Ele também concordou sobre pensar em uma cultura democrática, além de educativa.

Plural: O senhor acredita em alguma forma de censura válida para temática de projetos culturais, ou direcionamento?

Eduardo Pimentel: Isso precisa ser passado pelo Conselho Municipal de Cultura para avaliar. Eles são soberanos, mas a gente quer que seja uma cultura sempre educativa.

Plural: Educativa e democrática?

Eduardo Pimentel: Educativa e democrática.

Discursos

As falas alternaram entre elogios para o candidato e para ações da prefeitura durante os mandatos de Rafael Greca, com destaque para a aprovação na nova Lei Municipal da Cultura, inauguração do Teatro da Vila e implementação de editais com recursos da Lei Aldir Blanc e Paulo Gustavo, além de ataques diretos à candidata Cristina Graeml (PMB). Greca, por exemplo, foi quem ficou mais tempo com o microfone e indicou o seu escolhido como sucessor como garantia de liberdade. “Censura não. Censura nunca. Sempre educação”, disse ele, seguiu sem poupar a candidata opositora: “Isso [feitos de sua gestão para a cultura] torna impossível que, nas próximas eleições, nós tenhamos uma candidata tão tapada como a Cristina.”

Eduardo Pimentel foi mais objetivo, afirmou que a FCC será mantida; que estabelecerá um calendário de eventos durante todo o ano; confirmou o compromisso de “até 3%” que, segundo ele, resultará “em 500 milhões para a Cultura” (a mais, fora os 500 milhões atuais) e projetos que promovam a inclusão. O candidato também se apresentou como uma “mudança segura”, que dará vez e voz para a cultura, repetiu várias vezes que irá investir na área e encerrou falando de união ao pedir que os presentes virem votos de eleitores da oponente, ou de quem pensa em anular, nos próximos dias.

Quais vereadores eleitos defendem a cultura em Curitiba?

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