Bienal de Quadrinhos 2020 terá Arrigo Barnabé e Lourenço Mutarelli

“Música” é o tema da edição de 2020 da Bienal de Quadrinhos de Curitiba. A sexta edição do evento – um dos mais democráticos e agregadores da terrinha – acontece novamente no MuMA – Museu Municipal de Arte, no Portão Cultural, em Curitiba, entre os dias 6 e 9 de agosto de 2020.

A curadoria é do compositor e artista multimídia Vadeco; do pintor, quadrinista e ilustrador Fabio Zimbres; e de Mitie Taketani, proprietária da loja Itiban Comic Shop, reduto incentivador da nona arte em Curitiba há 30 anos. A música será o fio condutor dos debates, exposições, oficinas, festas, sessões de cinema, e da tradicional feira de quadrinhos do evento, totalmente gratuito, que novamente acontece em toda a área interna e externa do MuMA.

Alguns convidados já foram confirmados, como Arrigo Barnabé, Lourenço Mutarelli, Paula Puiupo e o italiano Tanino Liberatore. Se ligue aí:

Arrigo Barnabé
Músico, compositor, arranjador, escritor e ator, nasceu em Londrina (PR) em 1951. Logo com sua primeira obra, o disco “Clara Crocodilo” (1980), Arrigo foi recebido como a maior novidade musical do Brasil desde a Tropicália. Isso porque, em suas composições, há uma mistura azeitada de música erudita, ironia e letras ácidas sobre a vida urbana. A aproximação com o dodecafonismo também o destacou como um compositor único, provocador e vanguardista.

A obra de Arrigo Barnabé transita entre o inusitado, o erudito,o pop e o provocativo de maneira criativa e acessível. Delírio e compaixão andam de mãos dadas. Arrigo soa como o encontro entre John Cage e Frank Zappa, e nos faz acreditar na composição musical como forma natural de expressão sonora e visual.

Arrigo Barnabé. Foto: Divulgação

Arrigo escreveu diversas músicas para trilhas de filmes brasileiros, teve influência e participação em grupos e artistas como Itamar Assumpção, Rumo, Premeditando o Breque e Língua de Trapo, parte da turma que ficou conhecida como Vanguarda Paulista. Em 2019, Arrigo lançou seu primeiro livro, “No Fim da Infância” (Grafatório Edições).

Lourenço Mutarelli
Quadrinista, escritor e ator nascido em São Paulo, formado em Belas Artes. Um dos mais celebrados autores de quadrinhos do Brasil construiu um universo particular que lhe trouxe muitos seguidores. Seus primeiros trabalhos foram publicados por Marcatti nos anos 80. Em 1991, lançou seu primeiro álbum, “Transubstanciação”. A partir daí, produziu diversos álbuns, incluindo a trilogia com o detetive Diomedes: “O Dobro de Cinco”, “O Rei do Ponto” e “A Soma de Tudo I e II”. 

Em 2002 lançou seu primeiro romance, “O Cheiro do Ralo”, adaptado para o cinema em 2006. Teve mais dois livros adaptados para a sétima arte. Seu mais recente, “O Filho Mais Velho de Deus e/ou Livro IV”, foi lançado em 2018. Paralelamente, escreveu peças de teatro, trabalhou como ator e começou a pintar.

Lourenço Mutarelli. Foto: Adriano Vizoni/Folhapress

Ele já afirmou: “música é a minha religião”, e que esta arte também faz parte do seu processo de criação. Em 2019, Mutarelli lançou “Capa Preta” (Comixzone), que reúne as HQs “Transubstanciação”, “Desgraçados”, “Eu Te Amo, Lucimar” e “Confluência da Forquilha”, todas fora de catálogo no Brasil.

Tanino Liberatore
Desenhista italiano nascido na cidade de Quadri, estudou arquitetura e se dedicou à ilustração. Começou sua carreira nos quadrinhos em 1978, na revista Cannibale, na companhia de Andrea Pazienza e Stefano Tamburini. Foi por lá que desenhou a primeira versão de “RanXerox” (RankXerox), trabalho que ficou mais conhecido a partir de sua publicação na revista Frigidaire, e posteriormente em várias publicações no mundo  – no Brasil, saiu na revista Animal.

Tanino Liberatore. Foto: Divulgação

O álbum “Video-Clips” (1984) recolhe algumas de suas histórias curtas realizadas entre 1981, quando se mudou para Paris, e 1984, publicadas em diversas revistas. A partir daí, Liberatore se afastou dos quadrinhos e se dedicou principalmente a ilustrações, voltando eventualmente ao personagem RanXerox e a outros projetos. É muito conhecida a capa do disco “The Man from Utopia” (1982), de Frank Zappa. Mas além deste trabalho ele realizou outras ilustrações para discos, e cita a música como grande influenciadora do seu trabalho.

Luiz Gê
Artista homenageado desta edição, Luiz Gê foi um dos fundadores da revista Balão (1972-75), periódico que publicou quadrinhos de alunos da FAU e ECA na USP. Seu trabalho explora a linguagem dos quadrinhos em narrativas que misturam aventura, história, política e humor, em diálogo com seu interesse pelas cidades e arquitetura. Entre 1976 e 1984, fez charges para o jornal Folha de S. Paulo reunidas no livro “Macambúzios e Sorumbáticos” (1981). Em 1986, criou e editou a revista Circo na mesma época em que, nas bancas, saíram as revistas de seus colegas de geração, Angeli (“Chiclete com Banana”) e Laerte (“Os Piratas do Tietê”), publicações que ajudaram a formar toda uma geração de leitores e cartunistas.

Seus quadrinhos foram publicados em diversos veículos no Brasil e no exterior e vários álbuns recolheram esse material, como “Quadrinhos em Fúria” (1984) e “Território de Bravos” (1993).

Luiz Gê e os Tubarões Voadores.

A primeira parceria com Arrigo Barnabé foi a arte para a capa do disco “Clara Crocodilo” (1980) e o próprio LP revela uma afinidade com situações extraídas de histórias em quadrinhos, além do interesse pelo ambiente urbano típico do trabalho de Luis Gê. Outra parceria se deu com a história “Tubarões Voadores”, que acabou virando o segundo disco de Arrigo, em 1984. Nele, a história original foi impressa e recebeu uma música que seguia a narrativa e o tempo de leitura de cada quadrinho. Gê também fez a concepção para uma opereta de Arrigo, chamada “O Homem dos Crocodilos”.

Paula Puiupo
Nasceu em 1996 em Lisboa, de mãe paraibana e pai manauara. Atualmente reside em São Paulo. Paula produz quadrinhos, animação, tatua e flerta com a música. Uma das principais autoras da nova geração, tem um trabalho surpreendente, em que desfaz todas as regras narrativas para criar a sua própria – é mais menos como criar nossa vida ao mesmo tempo em que a vivemos. Sua pesquisa tem foco no experimental, em sentimentos de não pertencimento enquanto mulher lésbica e migrante.

Paula Puiupo. Foto: Divulgação

Publicou, entre outros títulos, “Eremitério” (2017), “Gume” (2018) e “Maunder” (2019, parte da coleção mini kuš). Participou da antologia “Topografias” (Selo Piqui, 2016). Fez ilustrações para “A Ilha do Tesouro” (Editora Antofágica, 2019). Faz parte do selo de publicações independentes PEPITO CORP ao lado de Adônis Pantazopoulos, Julia Balthazar e Flavushh. Aperta botões no projeto musical FUGA ao lado de Paola Rodrigues.

Grazi Fonseca
Quadrinista, vive em Porto Alegre. Começou a produzir fanzines em 2016: “Hay”, “Mar”, “Tempo, Passatempo” são seus zines independentes. Em 2018, publicou “Partir” (coleção Des.Gráfica/Mis), finalista do prêmio Dente de Ouro 2019.

Grazi Fonseca. Foto: Divulgação

Em 2019, participou da revista “Retruco” (independente) e da antologia “Cápsula” (O Quiabo 2019). Seu trabalho explora narrativas experimentais e autobiográficas. Com atenção particular ao ritmo e construídas com poucos elementos, suas histórias ganham dimensão quase abstrata que as aproximam da música. Etérea como o som e gráficas como uma partitura com o preto sólido ocupando lugar protagonista.

Ing Lee
Quadrinista e pesquisadora nascida em Belo Horizonte, graduada em Artes Visuais pela UFMG. Possui deficiência auditiva moderada bilateral, é filha de pai norte-coreano e mãe brasileira. É atuante no cenário de publicações independentes desde 2016 e faz quadrinhos desde 2018.

Co-fundou O Quiabo, selo de publicações independentes e eixo de experimentação gráfica (com Larissa Kamei). Autora de Karaokê Box, elaborado a partir de suas experiências com Karaokê.

Ing Lee. Foto: Divulgação

Uma das autoras da revista Sam Taegeuk (finalista do prêmio Dente de Ouro 2019 na categoria Quadrinhos). Tem influências do cinema do leste-asiático, com enfoque em Novo Cinema de Taiwan, Wong Kar-Wai, Bong Joon-Ho e Naomi Kawase. Em seus trabalhos, propõe-se a trazer questões envolvendo memória, identidade e a melancolia urbana.

João Sánchez
Formado em gravura pela Escola de Belas Artes da UFRJ, trabalhou em Madri de 2007 a 2011 em dois importantes ateliês de gravura da Espanha: Benveniste CP&P, conhecido por suas impressões de grande formato, e Taller Antonio Gayo, especializado em litografia.

João Sánchez. Foto: Divulgação

Criador do conhecido Estúdio Baren (Rio de Janeiro), ativo desde 2011, mantém paralelamente uma carreira em ilustração e artes gráficas. Em sua única incursão pelos quadrinhos, produziu com roteiros de Patati o álbum “Couro de Gato, Uma História do Samba” (2017). Com xilogravuras e desenhos derivados desta técnica, o álbum conta histórias relacionadas ao nascimento do gênero musical tipicamente brasileiro. Patati era roteirista e estudioso dos quadrinhos e um defensor do uso de temas brasileiros nas HQs. Faleceu no Rio de Janeiro em junho de 2018.

BIENAL DE QUADRINHOS DE CURITIBA
6 a 9 de agosto de 2020
MuMA – Museu Municipal de Arte (Portão Cultural)
Avenida República Argentina, 3430
Gratuito
Mais informações: www.bienaldequadrinhos.com.br

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