Assim que Ratinho voltar da Disney, devem começar as renúncias de candidatos

Para beneficiar Eduardo Pimentel, governador deve tentar fazer com que Beto Richa e Leprevost desistam, assim como já aconteceu com Deltan

Nas entrevistas que o Plural fez com os candidatos a prefeito de Curitiba, um deles fez a seguinte profecia: daqui por diante, vai ser igual Big Brother, sai um por semana da disputa. A previsão parece fazer sentido: nas últimas eleições no Paraná, o jogo tem sido exatamente esse – um monte de gente lança pré-candidatura e depois o candidato mais forte sai em uma blitz enlouquecida, oferecendo-se sabe-se-lá-o-quê para que todo mundo desista.

Ratinho Jr (PSD) ganhou suas duas eleições para o governo numa espécie de W.O.. A primeira delas nunca foi bem explicada, com uma desistência improvável de Osmar Dias em cima do laço. Na segunda, ficou praticamente sozinho contra Roberto Requião (aí é fácil sair dizendo que fez votação histórica).

Rafael Greca (PSD) fez o mesmo em Curitiba em 2020, inclusive com apoio de Ratinho, seu novo padrinho (já foram tantos…). Em cima das convenções, os candidatos foram desistindo: o partido abandonou Ney Leprevost; Luizão e Ducci cederam; e o próprio Gustavo Fruet, da oposição, saiu de cena, nesse caso mais por falta de estamina do que por outra coisa. Em cima da hora, foi necessário inventar uma candidatura para Goura (PDT) só para fingir que aquilo era uma eleição, e não uma nomeação indireta feita pelo governador.

Ratinho continua com o mesmo poder, e resolveu ter um biônico na Prefeitura de Curitiba. Mesmo sem ter recebido um único voto na vida (um exagero retórico na verdade, porque ele já teve uma fracassada candidatura a deputado estadual), pode se tornar já de cara prefeito de uma cidade com 1,8 milhões de almas. Lógico que não por méritos próprios, e sim porque foi escolhido por quem tem dinheiro e votos para isso.

Agora, Ratinho está se preparando para tirar os obstáculos do caminho. Obstáculos, no caso, são os outros candidatos. Para Pimentel vencer (sendo que não tem votos) precisa correr sozinho. Para isso, estão fazendo força para que Leprevost desista de novo (como agora ele está em outro partido, é um pouco mais difícil); outro que deve ser assediado e possivelmente desistirá é Beto Richa (PSDB).

Se tudo der certo para o grupo de Ratinho, Pimentel terá uma espécie de segundo turno antecipado, em que o único outro candidato com força será Luciano Ducci (PSB), agora repentinamente um homem de esquerda. Se der errado, precisará disputar na direita com Leprevost e a coisa complica.

Mas tudo segue o mesmo caminho de 2020 por enquanto. Deltan Dallagnol (Novo) foi o primeiro a ceder à velha política. Quantos mais cairão nas próximas semanas, quando Ratinho se dignar a voltar da Disney?

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