Bolsonaristas de Curitiba se desesperam com possível voto de Moro em Flavio Dino

Escolha de Flavio Dino causou choro em eleitores e suspeitas sobre o senador paranaense

Numa academia de Curitiba, uma senhora começou a chorar nesta quarta (13). O motivo, segundo ela, era a escolha de Flavio Dino para ministro do Supremo Tribunal Federal. No momento em que ela desabafava no Água Verde, Dino era sabatinado na CCJ do Senado e, até o fim do dia, estaria confirmado como novo integrante do STF.

Para as amigas, a mulher, desamparada, disse que se Sergio Moro tivesse tido paciência hoje seria ele a estar no Supremo. Ela não tinha nem ideia, decerto, de que antes do fim da quarta-feira a República de Curitiba estaria chocada justamente pela possibilidade de que Moro tenha se tornado mais um “traidor da pátria” a votar a favor da indicação do “comunista Dino” para o Supremo.

As suspeitas de que Moro tenha caído nas garras de Moscou começaram quando o senador paranaense foi até Dino, no início da sabatina, e deu um abraço nele. Pior: riu junto com o perigoso marxista! Chocada, a Internet bolsonarista pedia esclarecimentos.

Por uma dessas sortes, fotógrafos que cobriam o Senado naquele momento perceberam que Moro estava com o celular numa posição que permitia ver suas mensagens. Uma imagem exibe uma conversa com um sujeito chamado Mestrão dizendo que o abraço tinha viralizado e que a coisa estava feia na Internet. Mas que bastaria Moro não fazer vídeo declarando voto a favor de Dino que tudo passaria.

Em tempo, Mestrão é um ex-assessor de Ricardo Arruda (PL) na Assembleia Legislativa do Paraná e foi alvo de busca e apreensão num inquérito sobre rachadinhas

Com o tempo a coisa só piorou. O próprio Dino, ao ouvir as perguntas (definidas por uma colunista do Uol, Carolina Brígido, como “assopros mais do que mordidas”) usou de sua mordacidade para dizer que tinha grandes esperanças de receber um voto favorável de Moro. “Vejo que o senhor ainda não votou e isso enche meu coração de esperanças”, disse.

Moro, sabendo que seu couro estava em jogo, ficou entre a cruz e a caldeira. Se for contra Dino, pode perder um voto fundamental caso o processo de sua cassação (hoje dada como certa) chegue ao STF. Se for a favor de Dino, perde seu eleitorado. O jeito foi tentar uma jogada dupla.

Se por um lado abraçou Dino, na hora de falar fez questão de dizer que se tratou de mera civilidade. E que o riso na hora da foto se deveu meramente a uma graça dita por Flavio Dino (ah, esses comunistas sabem ser insidiosos). Mas isso não indicaria seu voto, disse ele.

Uma outra mensagem no celular dizia que “Deltan está desesperado”. Moro disse que ia usar o sigilo do voto. E Deltan Dallagnol justamente tinha pedido na Internet, parecendo entre o nervoso e o desesperado, que o único jeito de barrar um vermelho no STF seria exigir que os senadores filmassem seus votos secretos. Teria a dupla que se uniu quando não podia, na Lava Jato, finalmente chegado a seu fim?

Os adversários do lulismo foram à Internet lamentar a escolha de Dino e descascar o vendido Moro. Paulo Martins, que está de olho na vaga no Senado, disse que: ‘Quem votou contra o Dino contou para o povo. Quem votou a favor contou para o Dino”.

Eder Borges (PP) disse que Moro não pode alegar civilidade para abraçar Dino porque quando saiu do governo Bolsonaro não teve essa civilidade e foi “fazer fofoca como um marica” para a Globo. E o nível só piorou.

No fim do dia, Moro, assim como os dois outros senadores paranaenses, Flavio Arns (do PSB de Dino) e Oriovisto Guimarães (Podemos), manteve-se quietinho nas redes sobre o que fez ou não fez. Para desespero de muito bolsonarista.

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