Caso de PM afastado por tapa mostra necessidade de câmeras corporais

Afastar o PM que foi pego por acaso e não se esforçar para saber se há mais casos é uma absoluta hipocrisia, a homenagem que o vício paga à virtude

O caso de um policial militar dando um tapa em uma cidadã em Londrina mostra o grande erro que o governo de Ratinho Jr. (PSD) comete ao não implantar câmeras de monitoramento nas fardas dos PMs. Não fosse um cidadão comum ter filmado a abordagem, feita por suspeita de desrespeito ao sossego público, a truculência do militar provavelmente passaria impune.

As imagens são fortes e Ratinho Jr. ao vê-las tomou a única medida possível, o afastamento do PM. Admitiu que claramente houve excesso por parte do policial. No entanto, a política de seu governo nos impede de saber quantas vezes isso pode estar acontecendo nas periferias (e mesmo no centro) das grandes cidades paranaenses.

Depois de muita pressão, a Polícia Militar paranaense hoje faz um teste com 300 câmeras, a custo de R$ 1 milhão. No entanto, sempre que fala sobre o assunto, o governador diz que não sabe ainda se vai empregar as câmeras em todas as fardas e as viaturas, como se não fosse possível saber se isso de fato dá resultados.

Os resultados são claros. Em São Paulo, depois de implantadas as câmeras corporais, houve registro de diminuição de mais de 62% nas mortes causadas por policiais militares do estado. Possivelmente, isso indica que dois terços das mortes não ocorriam em confronto, nem em casos de legítima defesa, como alegam os militares – eram mortes desnecessárias, e provavelmente se tratava de execuções.

É impossível contar que em cada esquina vá haver alguém com um celular e com a coragem de gravar as operações policiais. Afastar o PM que foi pego por acaso e não se esforçar para saber se há mais casos é uma absoluta hipocrisia, a homenagem que o vício paga à virtude.

Não apostar nas câmeras é um erro. Resta saber se é um erro doloso ou culposo – afinal, tem muita gente querendo que a polícia seja de fato truculenta.

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