Explicação de Eduardo Pimentel para esquema de coação não faz o menor sentido

Candidato a prefeito diz que coação foi ideia de um simples superintendente já exonerado

Os áudios que vazaram de dentro da Prefeitura são a maior revelação da campanha de Curitiba até agora. Primeiro, porque são uma prova cabal daquilo que todo mundo sabe que acontece, mas que em geral fica escondido. Segundo, porque dessa vez o pessoal da Prefs foi mais longe do que o costume.

Como diz uma das moças gravadas, normalmente o que se exige dos comissionados é apenas o suor: uma hora bandeirando no almoço, uma panfletagem no fim de semana – já é uma coação, mas até aí a turma cede sem chiar, achando que com isso garante o cargo. Mas agora pediram nada menos que R$ 3 mil.

Esse dinheiro é nada mais nada menos do que uma rachadinha: a Prefeitura paga, o sujeito recebe mas tem que devolver pro patrão. Nos áudios, o superintendente que cobra a grana diz que o outro caminho seria fazer caixa dois. Nem passou pela cabeça fazer tudo com os milhões do fundo eleitoral?

Mas o que está em jogo agora é outra coisa, é saber quem mandou e quem sabia. Se Eduardo Pimentel foi cúmplice ou mandante, é obrigatório cassar sua candidatura. Coação, rachadinha, assédio: tudo isso é crime eleitoral e um candidato implicado nessas ações não pode conquistar mandato.

Por isso Eduardo foi às redes imediatamente para dizer que não tem nada com isso. Segundo ele, foi tudo ideia do Superintendente de Tecnologia da Prefeitura, que já foi exonerado. Problema resolvido, portanto: a probidade de Greca, Pimentel e de todos os outros estaria assegurada.

O problema é que essa explicação não faz o menor sentido. Antonio Carlos Pires Rebello, o superintendente, na versão de Eduardo, teria acordado uma certa manhã, provavelmente depois de sonhos intranquilos, e decidido sem mais nem menos que ia coagir umas pessoas para garantir dinheiro para o patrão.

Assim mesmo. “Puxa, e se eu chegar numa reunião hoje com o pessoal e disser que tenho ordens de pegar três contos de cada um? Certamente isso alegraria meu candidato.”

Alguém poderia imaginar que Antonio Carlos tinha interesse em ficar com o dinheiro para si. Seria um motivo mais crível. Porém, o dinheiro foi pago direto para o PSD, com a compra dos ingressos – nem passou pelas mãos do superintendente. Para ele, o que sobrou foi só a exoneração.

É evidente que houve ordens de alguém. No áudio, Antonio Carlos diz que quem lhe repassou a ordem foi Alexandre Jarschel de Oliveira, Secretário de Administração de Greca/Eduardo. Esse seria o homem que o Ministério Público deveria ouvir, de preferência ainda antes do primeiro turno.

Jarschel de fato deu essa ordem? E recebeu o comando de quem? Essa é a questão.

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