Pablo Marçal acaba com a ilusão de que nos livramos dos radicais

Com um discurso ainda mais perigoso do que o de Bolsonaro, candidato paulistano mostra que a ultradireita segue tendo muita adesão

O brasileiro que tem algum juízo deve ter pedido na virada do ano, caso seja desses que acreditam em algo, que a maluquice do bolsonarismo chegasse enterrada às eleições de 2024.

Podia até parecer que as coisas estavam indo bem: os malucos do 8 de janeiro estão indo para a cadeia, o ex-presidente ficou inelegível e, afinal, temos uma pessoa na Presidência capaz de passar em um exame psicotécnico.

Mas, ai de nós… Embora em algumas capitais a situação seja mais tranquila, a maior cidade do país de uma hora para outra tira sabe-se lá de qual círculo do inferno um novo e ensandecido projeto de ditador.

A situação é tão calamitosa que ouvi amigos dizendo que nunca se imaginaram odiando algum candidato mais do que odiaram os Bolsonaro. Pablo Marçal parece ser o irmão que Carluxo teria de renegar por ser insensato demais.

Fosse apenas mais um homem tóxico, seria possível manter a esperança no país para os próximos anos. Porém, segundo as últimas pesquisas, ele é um homem tóxico que tem o voto de um quinto dos paulistanos.

Podemos ter um segundo turno entre Boulos (que tem tudo para ser o sucessor de Lula na esquerda) e o coach que foi condenado por ajudar uma quadrilha de pilantras a roubar contas bancárias.

É aquilo que os incautos chamam de “polarização”, na ilusão de que se trata de um confronto entre esquerda e direita, somente. Quando, na verdade, é um confronto muito mais perigoso e decisivo, entre a sanidade e a barbárie.

O desejo de ano novo talvez tenha saído errado. Pedimos que nos livrassem do bolsonarismo, e os Bolsonaro, felizmente, estão em baixa. Mas esquecemos, aparentemente, de pedir que seus substitutos não fossem ainda mais obscenamente perigosos.

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