Pela segunda legislatura consecutiva, os vereadores de Curitiba parecem em busca de argumentos para derrubar um projeto de lei em favor dos mais pobres. A proposta, do vereador Professor Euler (MDB), é que as bancas de jornais possam ter um “cabide solidário”, onde a população deixaria roupas, principalmente de frio, e os moradores de rua (entre outros) pudessem pegar esses agasalhos de graça.
Em 2019, a proposta foi derrubada porque, segundo alguns vereadores, “mesmo sendo facultativa”, a mera possibilidade legal de inclusão do cabide social desfigurava as banquinhas de revista da cidade. Uma das vereadoras contrárias, Julieta Reis, chegou a comparar os cabides com a colocação de “casinhas de papelão para cachorros” nas bancas.
Euler, o autor, sempre ressaltou que a ideia é só para quem quiser. Ou seja, se dos 185 permissionários só um quiser fazer isso, tudo bem. Na votação anterior, a vereadora Noêmia Rocha (MDB) se disse chocada por seus colegas terem se negado a aprovar esse gesto de solidariedade com os mais pobres. Porém, agora, em 2023, tudo se repete.
Na discussão na Comissão de Urbanismo, o vereador Rodrigo Reis (União), que assumiu a vaga deixada por sua mãe, seguiu os passos de Julieta Reis e foi contra a proposta. “Colocar cabides e pendurar roupas para doar às pessoas necessitadas, entendo que o mobiliário não é compatível, pois não é da alçada do permissionário arrecadar ou recolher objetos, doações ou alimentos, pois a sua finalidade é a venda de produtos, o comércio com fins lucrativos”, disse ele. Rodrigo Reis foi o mesmo pego recentemente num vídeo pedindo a retirada de equipamentos urbanos que facilitam a vida dos mais pobres.
A proposta, apesar de recusada na Comissão de Urbanismo, seguirá tramitando e deverá chegar a plenário.
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