Minhas minhocas e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU

Minhas história com as minhocas começou em 2018 quando li um texto sobre compostagem e gestão de resíduos orgânicos caseiros

Olha pessoal… pode parecer meio esquisito, mas eu crio minhocas.

Comecei com umas 20, aproximadamente. Hoje são milhares!

Tudo começou em 2018 quando li um texto sobre compostagem e gestão de resíduos orgânicos caseiros.

Google vem, google vai, encontrei uma empresa que vendia não só as minhocas, mas também caixas plásticas que serviam para armazenar lixo orgânico (resto de frutas e verduras, cascas de ovos, borra de café, etc).

Com o “kit”, vem um manual que explica como transformar o lixo caseiro (ou pelo menos parte dele) em adubo, mais conhecido por húmus.

Meio desconfiado, iniciei a minha produção de adubo caseiro. Passados três meses, as poucas minhocas que comprei já eram centenas e todo aquele material orgânico se transformou em algo parecido com terra preta úmida, com um leve odor de “solo de mata”.

Seguindo as orientações do tal manual e após separar as minhocas (o que, reconheço, não é muito prático), apliquei o adubo em vasos de flores e pequenos canteiros de temperos que tenho em casa. O resultado foi maravilhoso, pois as plantas realmente gostaram desse “alimento” novo.

Comecei, então, a fazer alguns cálculos e pensar nas consequências positivas da minha compostagem (até mesmo para me convencer de que o trabalho de separar as minhocas do húmus vale a pena).

Uma família média (3 a 5 pessoas), como a minha, produz, por dia, algo em torno de dois quilos de matéria orgânica compostável, o que equivale a 60 kg por mês ou 720 kg por ano e que não vai para o lixo comum e se transforma em adubo (húmus) e pode ser usado para melhorar a qualidade das plantas.

É uma prática sustentável que pode, ainda que minimamente, auxiliar na diminuição do impacto negativo que o lixo que produzimos causa ao meio ambiente, o qual, por imperativo constitucional, temos o dever de defender e preservar “para as presentes e futuras gerações” (art. 225, da CF/88).

Neste contexto, vale lembrar que o Estado brasileiro aderiu à Agenda 2030 da ONU para, dentro de um pacto global, atingir determinados objetivos que permitam o desenvolvimento socioeconômico das nações, mas observando práticas sustentáveis e que permitam acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam prosperar com paz e justiça social.

Para tanto, estabeleceram-se 17 objetivos, conhecidos como ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).

Para alcançar esses objetivos, foram estabelecidas e impostas aos estados membros da ONU, metas estruturais e temporais, cuja finalidade é justamente proporcionar meios adequados para a conclusão da Agenda 20/30, ou seja, alcançarmos o ano de 2030 com todos os ODS concluídos.

Mas para fins de nossas reflexões sobre um meio ambiente sustentável e saudável, destaco 4 deles:

  • Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos (ODS 6)
  • Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis (ODS 11)
  • Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável (ODS 14)
  • Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade (ODS 15)

A obviedade dessas ODS (e também das demais) é tão gritante e eloquente que não precisariam sequer fazer parte de um pacto global. Na verdade, um mínimo de compreensão sobre a necessidade de preservação do lugar onde vivemos deveria ser suficiente.

Ora, é óbvio que precisamos de um meio ambiente que permita nosso desenvolvimento saudável. É óbvio que precisamos de água potável e saneamento e que as mudanças climáticas devem ser levadas a sério. É óbvio que nos é imposto preservar a vida na água e na terra, pois o equilíbrio do ecossistema passa mesmo por respeitar toda forma de vida.

Mas o que temos visto e vivido, na questão ambiental, é a necessidade, constante, de reiterar o óbvio (as atuais queimadas pelo Brasil afora me parecem um exemplo mais que contundente do quanto o óbvio é óbvio).

A despeito dessa obviedade, devemos lembrar, todos os dias, que nossos comportamentos geram consequências que irão impactar as próximas gerações, positiva ou negativamente. A escolha é só nossa.

Seriam as minhocas, então, uma solução?

Certamente não, mas seria um sinal de que, com pequenas mudanças de comportamento e hábitos, poderemos impactar positivamente as gerações futuras, deixando a elas um sinal de esperança, estampado em gestos de solidariedade e respeito.

Por fim, uma pequena atualização sobre as minhas minhocas.

Passados alguns anos após terem sido acolhidas na minha casa, as minhocas estão plenamente integradas no ecossistema. Entendi que a satisfação das necessidades elementares delas é o suficiente para que vivam sem guerra, sem disputa de territórios e devolvendo para meu jardim todas as benesses de uma vida em equilíbrio

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