Num estágio, conheci Cristovão Tezza e descobri como era ver Curitiba em um livro

Eu fazia estágio em uma agência de publicidade, não era um estágio oficial, pelo que entendi foi uma iniciativa do pessoal da criação mesmo. No começo a correria do dia a dia acabava me deixando meio de lado, as coisas tinham que ser resolvidas na hora, era impossível fazer com calma e dar chance para alguém que precisaria de várias tentativas para chegar em um resultado. Tudo para dar errado, mas no final deu certo.

Eu ficava em uma mesinha no canto esperando por uma chance e, sei lá, mostrar alguma coisa para ganhar um pouco de espaço.

Eu não consigo me lembrar muito bem o porquê, mas o fato é que comecei a levar livros para ler. Eu tinha tempo e acho que francamente ninguém se importava muito com o que eu fazia desde que não atrapalhasse. Tive a sorte de ter uma boa biblioteca em casa, mãe e pai leitores, e comecei a escolher livros diferentes, para experimentar coisas novas mesmo.

Foi assim que cheguei em “O Fotógrafo” do Cristovão Tezza, na época publicado pela Rocco e agora pela Record. Eu não conhecia nada sobre o livro ou sobre o Cristovão, “O Filho Eterno” só seria lançado em 2007, mas levei o livro para a minha mesinha.

A coisa me fascinou, não só pela escrita do Tezza, mas pela primeira vez eu vi Curitiba em um livro. A história passava por ruas que eu conhecia, prédios que eu via passeando, a cidade estava ali. E para alguém acostumado a ler livros de fantasia, passados em mundos longínquos, foi uma experiência muito bacana. A literatura de Curitiba era algo totalmente novo e, rapaz, foi uma descoberta e tanto.

Outro livro que descobri durante o meu estágio, e pensando agora acho que sem saber eu fazia estágio para trabalhar com livros e não publicidade, foi “O Caso da Chácara Chão” do Domingos Pellegrini baseado em um assalto que aconteceu no próprio sítio do Domingos.

Estou lendo agora “A Arte do Erro “da argentina María Negroni com tradução de Ayelén Medail e Diogo Cardoso que saiu pela 100/cabeças. São ensaios curtos sobre escritores e artistas.

Normalmente estes tipos de livros rendem boas descobertas. Até agora foram o escritor Steven Millhauser e a fotógrafa Julia Margaret Cameron.

Para terminar falo de um que estou de olho. “Oração da María Moreno”, por coincidência outra argentina, com tradução do Sérgio Molina que tá saindo pela Manjuba. A partir de duas cartas do escritor e jornalista Rodolfo Walsh para sua filha Vicki María Moreno escreve e reflete sobre uma série de assuntos. Parece uma forma interessante de se construir um livro.

E agora um café.

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