O chá no Egito e o chá dos beduínos: a acolhida calorosa no norte africano

O povo egípicio bebe chá absolutamente o tempo todo, qualquer momento é uma excelente oportunidade para beber uma boa xícara de chá

Em cada canto do mundo a hospitalidade do povo tem um elemento característico. No Egito, é o chá. A cultura do chá está fortemente presente na África, em países como o Egito, Líbia, Marrocos e Mauritânia. Mesmo não sendo um produtor do chá, o Egito compreende o maior mercado consumidor no Oriente Médio e Norte da África. A maioria do chá vendido no país é importado, vindo de países como Quênia e Sri Lanka.

O povo egípicio bebe chá absolutamente o tempo todo, qualquer momento é uma excelente oportunidade para beber uma boa xícara de chá. Como turistas, constatamos que o chá no Egito é uma das expressões, se não a principal, da hospitalidade do seu povo.

Em passeio pelo rio Nilo, visitamos a Vila Núbia. O povo Núbio é um dos mais antigos da África, com idade que somam mais de 4.500 anos. Nós chegamos até eles de barco, navegando pelo rio Nilo, a partir da cidade de Aswan, no sul do Egito. Cercada de muitas pequenas ilhas e vilas na margem oeste, Núbia atualmente é partilhada pelo Egito e pelo Sudão.

Vila Núbia: uma comunidade que sabe receber turistas como ninguém. Foto: Rosa Maria Dalla Costa

Os núbios representam uma das comunidades mais acolhedoras do Egito, senão no mundo, afinal sabem receber com muita alegria todos que por ali passam. Eles têm orgulho sobre a sua história e compartilham isso com todos que ali chegam. De longe é possível visualizar as formas geométricas em cores vibrantes, que significam as três fontes de vida mais importantes para eles: o triângulo verde representa a terra, o triângulo amarelo representa o sol e os azuis representam o céu e o Nilo.

Outro símbolo da Vila Núbia é o crocodilo, animal considerado de estimação que se torna uma das principais atrações para os turistas.

Crocodilo como animal de estimação, uma curiosidade egípcia. Foto: Rosa Maria Dalla Costa

Depois de andar por suas ruelas de casinhas coloridas em tons brilhantes, de ver seu artesanato e condimentos dos mais diversos expostos em cavaletes e barracas, entramos em uma das casas e fomos recebidos com o chá de hibisco e pão artesanal. Um crocodilo de mais ou menos 50 cm podia ser pego nas mãos e acariciado como um dócil gatinho. Foto vai, foto vem, o tal animal acabou por fazer xixi nas mãos de um dos turistas. Sem problemas, os núbios acreditam que o crocodilo pode proteger o povo de mau-olhado, por isso ele está em praticamente todas as casas.

O chá de hibisco, vermelho e servido gelado, e o de hortelã, verde e servido quente são a marca registrada do povo egípicio e dos beduínos, que vivem por ali e na Jordânia. Lojas de produtos específicos, como os óleos medicinais e aromáticos, o pergaminho, ou os cremes do mar morto, também o oferecem um copinho de chá de boas vindas para seus clientes, enquanto narram suas histórias.

O chá de hibisco. Foto: Rosa Maria Dalla Costa

No deserto, não é diferente. Visitamos o deserto de Wadi Rum, na Jordânia, e paramos numa tenda de beduínos, que nos serviram prontamente seu chá, explicando como recebem suas visitas. Os beduínos são pastores nômades da região do Norte e Centro da Arábia e de seu deserto, no Egito e na Jordânia. Seus descendentes ainda hoje moram na região e são os responsáveis pela domesticação dos camelos.

Sua alimentação é baseada em tâmaras, romã, carne de carneiro e de camelo e do leite desses animais. A maneira tradicional de cozinhar o chá beduíno é em fogo aberto, como vimos no deserto de Wadi Rum. Os beduínos usam ervas secas, uma chaleira e uma fogueira. O chá sai perfeitamente delicioso.

As flores de hibisco, conhecidas por seu aroma agradável e por serem a base do famoso chá, são mais do que simples ingredientes culinários. Elas representam uma tradição milenar, com sabor marcante e propriedades medicinais. O chá de hisbisco, feito a partir da infusão do botão seco da Hibiscus sabdariffa, também conhecida como vinagreira, é uma verdadeira fonte de benefícios para quem busca um estilo de vida saudável.

Chá no deserto. Foto: Rosa Maria Dalla Costa

Os egípcios também gostam muito do chá preto com hortelã (chai be naná), a refrescância da menta com o amargo do chá e a doçura do açúcar cria uma explosão deliciosa.

Em vários lugares turísticos ou mesmo nas ruas é possível encontrar vendedores de chá, que com uma pequena mesa, um fervedor, alguns copos e hortelã fresca, preparam a bebida bem ali para quem quiser comprar.

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