Debate da RIC tem Ney atacando e Pimentel com ar levemente irônico

Veja como cada candidato se comportou no debate promovido pela RIC nesta noite de sábado

O debate recheado de bom-mocismo e promessas vagas da RIC na noite deste sábado dificilmente terá a capacidade de mudar em algo o destino da eleição curitibana. Durante cerca de duas horas, os adversários do líder Eduardo Pimentel (PSD) pouco aproveitaram as chances de ganhar terreno. Pimentel, por sua vez, pareceu bem treinado o suficiente para de mostrar seguro e até um pouco irônico. Veja a seguir um resumo do desempenho de cada candidato.

Andrea Caldas

Foto: Igor Corrêa/RIC

A candidata do PSOL talvez tenha sido a única dos seis debatedores a manter uma postura ideologicamente clara, e a usar isso como meio de se comunicar com os eleitores. Ao ouvir uma pergunta um tanto bizarra sobre “ideologia de gênero”, por exemplo, explicou com serenidade qual é a postura dos educadores em relação a esse fantasma criado por conservadores. Defendeu Paulo Freire (também incluído na questão sobre os medos das “famílias conservadoras”), falou sobre o impeachment de Dilma e defendeu uma visão progressista em cem por cento de suas respostas. Não significa que vá ter conquistado votos, mas é uma postura elogiável e que a diferencia da chapa da Frente Ampla progressista, que por vezes parece ter um medo exagerado de pronunciar suas origens.

Eduardo Pimentel

Foto: Igor Corrêa/RIC

Apanhou menos do que seria de se esperar, estando como está na liderança de todas as pesquisas. É de imaginar que os adversários estejam mais interessados em garantir um lugar no segundo turno contra ele, e que a essa altura pareça contraproducente ficar com ataques contra um sujeito que parece já estar destinado a passar para a próxima fase. Manteve uma sobrancelha literalmente mais alta do que a outra durante todo o debate, o que lhe dava um ar sardônico, e ao invés de responder com fúria às críticas contra Greca e ele, preferiu fazer ares de superioridade, dizendo que isso não o atinge e que se trata de mero desespero dos oponentes. Recorreu ao clichê dizendo que quanto mais batem, mais ele cresce.

Luciano Ducci

Foto: Igor Corrêa/RIC

Convenhamos, Ducci talvez seja o prefeito menos televisivo que Curitiba teve desde o advento de Jaime Lerner. Ao contrário de Lerner, ele consegue concluir suas frases com sucesso, mas parece sempre tenso e desconfortável ao ter que falar, como se fosse um sujeito que foi arrancado de sua cadeira de burocrata para ter que se justificar perante eleitores com quem ele não tem tanta intimidade. O conteúdo de todas as suas falas faz sentido, mas se perdia nesse ar de pânico das câmeras. Poupou-se de embates mais firmes, manteve-se em terreno conhecido, rebateu bem à crítica sobre o metrô jamais concluído. Estranho que tenha passado quase incólume: quem quiser ir ao segundo turno hoje precisa necessariamente ultrapassá-lo.

Luizão Goulart

Foto: Igor Corrêa/RIC

É evidente a essa altura (caso não tivesse claro desde o começo) que Luizão sabe que não vai ser prefeito de Curitiba. Assim como Maria Victoria, ele está meramente usando o tempo de tevê e o raro momento de atenção pública para se eleger a outros cargos. Uma pena que a candidatura não seja para valer: seu legado em Pinhais e a experiência acumulada parecem fazer dele um candidato mais razoável do que outros que têm chances reais. No debate, como sempre, bateu na tecla do que já fez como prefeito de uma cidade menor – mas isso não parece empolgar o curitibano, e talvez fosse o caso de partir para outras ideias.

Maria Victoria

Foto: Igor Corrêa/RIC

Ninguém aprendeu tanto com os marqueteiros quanto ela. Poucas ideias-força, um sorriso constante, uma postura maternal. No entanto, quando isso vem sem alma, fica difícil acreditar, e aparentemente o eleitor vê sem nenhuma dificuldade que ali se trata acima de tudo de obra alheia, e não da própria candidata. Falou incansavelmente sobre radares, sobre estacionamento gratuito no EstaR por meia hora e sobre mais uma dezena de propostas para a classe média – e mostrou uma solidariedade com as mães que precisam de CMEIs que dificilmente combina com seu figurino e os sapatos Louboutin.

Ney Leprevost

Foto: Igor Corrêa/RIC

Foi quem mais bateu em Eduardo Pimentel, que ele chamou o tempo todo de “candidato da máquina”. O cálculo parece ser que é necessário roubar votos do outro candidato de direita para conseguir ultrapassar o candidato mais à esquerda – só isso o colocaria no segundo turno. Difícil saber se o eleitor viu isso como alertas válidos contra o atual vice-prefeito ou apenas como um discurso maldoso de alguém que quer derrotá-lo. Mas Ney mostrou uma certa coragem ao questionar o candidato oficial de Ratinho Jr., que no fim das contas é também seu padrinho político.

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