No Paraná, Lula chama Moro de “juiz insignificante” e Lava Jato de “quadrilha”

Presidente veio ao Paraná para reinaugurar fábrica de nitrogenados da Petrobras em Araucária, fechada no governo Bolsonaro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva relembrou nesta quinta-feira (15), em sua visita ao Paraná, os 580 dias que passou preso na sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, em 2018. Ele esteve pela manhã em Araucária, para anunciar a reabertura da fábrica de fertilizantes da Petrobras, e à tarde na fábrica da Renault, em São José dos Pinhais. Em seu discurso pela manhã, o presidente chamou o senador Sergio Moro de “juiz insignificante” e os procuradores da força-tarefa da operação Lava Jato de “quadrilha”.

Em Araucária, Lula entregou crachás a funcionários readmitidos da Fafen (rebatizada para Ansa, Araucária Nitrogenados S.A.), que representaram os 215 recontratados em julho. Eles foram demitidos durante o governo de Jair Bolsonaro, quando a unidade foi fechada. O governo federal anunciou o investimento de R$ 870 milhões na nova fábrica e a retomada dos trabalhos está prevista para o segundo semestre de 2015.

O presidente disse que falaria de improviso e chorou ao lembrar os dias que passou preso. “Eu sou muito grato ao trabalho que vocês fizeram durante os 580 dias que eu fiquei na Polícia Federal. Tem gente que consegue gravar uma música para o resto da vida. A minha música eram três bons dias, de manhã, de tarde e de noite, que eu ouvi durante 580 dias, fazendo frio, fazendo calor ou chovendo. Aquilo marcou a minha vida, mas tem uma coisa que marca a minha vida, e eu quero dizer para vocês: vocês não têm dimensão do orgulho que eu estou de estar vestindo essa camisa da Petrobras”, disse, emocionado.

Lula lembrou que recebeu conselhos para deixar o país antes de ser preso, em 2018. “Antes de eu vir para a Polícia Federal, eu tinha ideias e sugestões de companheiros que queriam que eu fosse para o exterior. Tinha companheiros que queriam que eu fosse para uma embaixada e eu ia dormir pensando ‘como vão ficar meus amigos que sempre confiaram em mim e a minha família se aparecer uma manchete de jornal chamando o Lula de fugitivo?’ Tomei a decisão mais sábia que eu já tomei: vou me entregar, vou para perto daquele juiz insignificante, vou para perto daqueles procuradores que faziam parte de uma quadrilha dentro do Ministério Público”.

O presidente traçou um paralelo entre a sua trajetória e a do ex-presidente Getúlio Vargas. “O Getúlio não era um operário, eu nasci no movimento sindical criticando o Getúlio Vargas, mas, se olhar da Proclamação da República até hoje, só teve dois presidentes que cuidaram da questão social, nós do PT e o Getúlio Vargas”.

Carros e estrada

À tarde, quando a Renault fez o anúncio de R$ 2 bilhões em investimentos no país, Lula iniciou sua fala lendo um discurso, mas a certa altura voltou ao improviso e lembrou os tempos em que trabalhava como torneiro mecânico. Ele destacou os valores investidos e os cerca de 25 mil empregos diretos e indiretos que deverão ser gerados.

“Há apenas três anos, grandes empresas automotivas fechavam as portas no Brasil. É um setor que emprega mais de um milhão de pessoas no Brasil”, disse Lula. “Quando deixei a presidência, em 2010, vivíamos um momento de prosperidade, vendendo milhões de carros. Chegamos a 2012 com quase 4 milhões de carros. Quando voltei, 15 anos depois, a gente está vendendo menos da metade do que a gente vendia em 2012”.

Lula veio ao Paraná com o vice-presidente Geraldo Alckmin e com os ministros Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Rui Costa (Casa Civil), Renan Filho (Transportes), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), e Laércio Portela (Comunicação). Em sua passagem pelo estado, Lula assinou a ordem de serviço para pavimentar 37 quilômetros que faltam da BR-487, a estrada boiadeira, que liga o Paraguai e o Mato Grosso do Sul ao Porto de Paranaguá. O investimento será de R$ 322 milhões. No fim do ato na Renault, o presidente ganhou uma camisa do Paraná Clube.

O governador Ratinho Júnior acompanhou Lula na visita às instalações da fábrica da Renault, mas não participou da cerimônia.

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