Ana Catarina Lugarini, diretora de “Adam”, começou a fazer cinema “por ocasião do destino”

O curta-metragem foi selecionado por dois outros festivais no Brasil antes das exibições no Olhar de Cinema

“Adam” foi um desafio, mesmo para uma diretora como Ana Catarina Lugarini, que viu outro filme com sua assinatura ser exibido no Festival de Cinema de Gramado e está prestes a estrear seu primeiro longa, “Torniquete”, escrito em parceria Alice Name-Bomtempo e com Marieta Severo no elenco. O curta-metragem, com ideia original e roteiro de Diego Gianni, recentemente foi selecionado para o Cine PE e garantiu o prêmio de melhor ator para Murilo Gricolo, no festival Curta Taquary.

As exibições no 13º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba são parte da programação da Mostra Mirada Paranaense, com sessões no dia 15 de junho, sábado, às 14h, no Cinemark Mueller; e no dia 18 de junho, terça-feira, às 18h30, no Cine Passeio Luz.

“Adam” (Dir. Ana Catarina Lugarini | Brasil | 2023 | 14’)

No filme, o menino Adam brinca com seus amigos, juntos eles criam memórias e uma amizade cativante. Contudo, em determinado momento, ele está solitário, seus amigos já não estão mais por perto, e apenas o campo da imaginação poderá responder suas dúvidas.

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Ana Catarina Lugarini

A curitibana Ana Catarina Lugarini cursou Cinema Digital no Centro Europeu, e Comunicação Social, Rádio e Televisão na Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Há 14 anos trabalha com audiovisual e, hoje, atua como diretora, roteirista e assistente de direção. Na entrevista a seguir, ela fala sobre o filme “Adam” e o maior desafio que enfrentou na produção, comenta referências e revela como entrou no mundo do cinema “por ocasião do destino”. Confira.

Qual a lembrança mais afetiva do cinema em sua vida?

Fazer cinema é um ato coletivo e minha trajetória está intimamente ligada com uma amizade que começou nos meus 17 anos. Conheci uma grande amiga nessa época, que virou minha sócia anos depois. Sempre que começo um novo filme, com aquela ansiedade típica, lembro da nossa trajetória juntas. É uma história de muito carinho, da qual me inspiro pra fazer meus filmes. Acredito muito na força coletiva do nosso trabalho, e sem dúvidas, ter conhecido tantas pessoas talentosas e afetuosas, foi o que me fez chegar até aqui. 

Quando e por que você decidiu ser cineasta?

Sou de uma geração que na adolescência foi muito nutrida pelas videolocadoras e filmes de horror aos finais de semana. Sempre gostei de filmes, independente do gênero, mas na adolescência, essa era uma possibilidade de profissão que eu nem sabia existir. Quando terminei o terceirão, eu não tinha grandes planos de qual profissão seguir, e por ocasião do destino, fiz um curso anual de Cinema no Centro Europeu. Na época, eu tinha 17 anos e então conquistei meu primeiro estágio em uma produtora de filmes autorais na cidade. E aqui estou, 14 anos depois, trabalhando com cinema. Acredito, de verdade, que foi o cinema que me encontrou. 

Como nasceu a ideia para o seu curta-metragem selecionado para a Mostra Mirada Paranaense? Em seu filme, o que deve ter chamado a atenção da curadoria do Olhar de Cinema?

A ideia original do curta é do Diego Gianni, criador e roteirista, que emprestou memórias e vivências da sua infância para escrever o filme. Fui convidada para dirigir o curta e tive a oportunidade e o desafio de dirigir crianças em uma história sobre amadurecimento e perdas, temas que me interessam bastante. Valorizo muito o Olhar de Cinema por ser um festival local que contribui com a divulgação da cinematografia paranaense, principalmente os curtas-metragens. Enviamos o curta assim que as inscrições foram abertas e acredito que o que chamou a atenção da curadoria, foi a perspectiva existencialista e filosófica que o curta tem, mesmo sendo infantil.

“Adam” é o seu primeiro trabalho no cinema?

Não, já estive em equipes de mais de 20 filmes. O meu curta “Da Janela Vejo o Mundo”, filmado de maneira independente com a minha avó, estreou no 49º Festival de Cinema de Gramado. Ano passado dirigi meu primeiro longa “Torniquete”, escrito ao lado de Alice Name-Bomtempo, com Marieta Severo no elenco e previsão de estreia ano que vem.

Quais são suas principais referências no cinema? Essas influências podem ser reconhecidas no curta-metragem em exibição no festival?

São muitas referências! E acho fundamental na carreira de qualquer diretor assistir a muitos filmes. Mas gosto muito da filmografia da Céline Sciamma e do diretor tailândes Apichatpong Weerasethakul. Muitos cineastas começaram com curtas e acho um ótimo caminho para quem quer dirigir e escrever, porque é uma maneira de testar linguagem, narrativa e dar um passo inicial no entendimento de sua própria autoria. 

Além de “Adam”, o que você indica para o público assistir no Olhar de Cinema? 

Fica difícil recomendar só alguns filmes, a programação deste ano está muito rica e diversa. Recomendo, de forma geral, os longas brasileiros, porque além de serem inéditos, é importante vermos o que está sendo feito no Brasil. Um ponto alto da programação pra mim é a mostra Olhar Retrospectivo, do Hou Hsiao-Hsien, são oito longas este ano, e ter a possibilidade de assistir na telona é imperdível.

Informações sobre os filmes do cineasta Hou Hsiao-Hsien em cartaz no Olhar de Cinema podem ser lidas aqui.

13º Olhar de Cinema – De 12 a 20 de junho

A 13ª edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba exibe produções para as crianças, estreias nacionais e internacionais, obras de cineastas paranaenses e filmes clássicos, no Cine Passeio (R. Riachuelo, 410 – Centro); Cinemark Mueller (Av. Cândido de Abreu, 127, Centro) e no Teatro da Vila (R. Davi Xavier da Silva, 451, Cidade Industrial de Curitiba). A exibição especial de abertura é dia 12 de junho, na Ópera de Arame (R. João Gava, 920, bairro Abranches).

Os ingressos estão à venda no site oficial do evento com valores a partir de R$8 (meia-entrada). Todas as sessões no Teatro da Vila são gratuitas.

Os curtas-metragens brasileiros em exibição no festival também poderão ser assistidos gratuitamente, de 18 de junho a 7 de julho, na plataforma de streaming Itaú Cultural Play.

Programação completa e outras informações aqui, e também nas redes sociais oficiais do evento: Instagram @olhardecinema e Facebook.com.br/Olhardecinema. Verifique a classificação indicativa de cada filme e sessões com acessibilidade de audiodescrição.

A 13ª edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba é realizada por meio do programa de apoio e incentivo à cultura – Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba, sendo também o projeto aprovado pela Secretaria de Estado da Cultura – Governo do Paraná, com recursos da Lei Paulo Gustavo, e pelo Ministério da Cultura – Governo Federal, com patrocínio do Itaú e Peróxidos do Brasil, apoio do Instituto de Oncologia do Paraná, Sanepar, Cimento Itambé, Favretto Mídia Exterior, e apoio cultural de Projeto Paradiso, Cine Passeio, Instituto Curitiba de Arte e Cultura. Verifique a classificação indicativa de cada filme e sessões com acessibilidade de audiodescrição. A produção é da Grafo Audiovisual.

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