O cartunista carioca André Dahmer, autor da série Malvados, estará em Curitiba, onde não põe os pés desde quando tinha 40 anos, para comemorar seu cinqüentenário na Espátula Print Shop. Será no sábado, a partir das 14h, em uma festinha com bolo e balões coloridos e a abertura de uma exposição de serigrafias com seus trabalhos, criada pelo ateliê curitibano Caderno Listrado. Está programado também o lançamento de uma caixa luxuosa de gravuras, “André Dahmer – 50 anos”.
É raro o cartunista sair do Rio, então aproveitem para conferir, porque só acontece de dez em dez anos. André Dahmer viveu metade de sua vida no século passado e metade neste, onde ele também começou sua carreira de cartunista, lá no comecinho das redes sociais e do fim dos jornais impressos. Malvados, a tira em quadrinhos publicada online, foi possivelmente o primeiro fenômeno de popularidade da internet a “ viralizar”, muito antes deste termo ter sido inventado.
Depois disso a grande imprensa começou a correr atrás de seus desenhos. Hoje Dahmer publica nos dois maiores jornais do país, Folha de S.Paulo e O Globo. E, salvo engano, duas tiras no jornal carioca. Certamente um recorde mundial entre cartunistas: quem no mundo publica três tiras diárias diferentes em dois jornais de grande circulação? Fosse no futebol, ele jogaria no Flamengo e no Corinthians, simultaneamente. O fato é que Malvados, Quadrinhos dos Anos 10, Rei Emir e outras séries deveriam ser publicadas em todos os jornais do mundo.
Meio Século
Mas o que me parece mais inacreditável mesmo é que o cartunista, poeta, artista plástico e filósofo (não oficial) está fazendo 50 anos. Este século, que ele retrata muito bem nas séries Quadrinhos dos Anos 10 e 20, e um personagem que encarna o famigerado “ algoritmo”, está voando na mesma velocidade que nossa geração vai ficando com as costas curvas, cabelos brancos e dores nas juntas. É raro um cartunista dessa geração que não esteja sofrendo de cotovelo de tenista ou diverticulite. Ou que não esqueça de desligar chaleira esquentando no fogão. Arnaldo Branco, Dahmer, Jean Galvão, Allan Sieber, todos estamos “dobrando o Cabo da Boa Esperança”, como diz outro cartunista, Tiago Recchia.
No caso de Dahmer, ao contrário de nossa inevitável deterioração física, seu humor e sua critica não apenas estão intactos como se tornam mais sofisticados a medida que ele precisa de menos texto e menos traço para desenhar uma paulada que nos derruba da cadeira. Como o cartum que ilustra a capa de sua caixa de serigrafias que será lançada neste sábado, na Espátula Print Shop: Um escorregador de parquinho que termina na cova de um túmulo. Esse desenho basicamente resume tudo o que escrevi nesse texto.
Serviço
Abertura exposição individual | André Dahmer 50 anos
Data:5 de outubro (sábado)
Horário: das 14 às 19h
Som: Uruhuselector (Caê Traven)
Local: ESPÁTULA PRINT SHOP – Av. Jaime Reis, 107, loja 3 – Arcadas de São Francisco – Largo da Ordem – Curitiba/PR
@espatulaprintshop / www.espatulaprintshop.com
Realização: Caderno Listrado
Apoio: Gênesis Tintas
Crédito imagens: Giuliana Teles
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