Para escrever “O que é meu”, José Henrique Bortoluci pegou horas de entrevista com o pai, um caminhoneiro aposentado que trata de um câncer, e a partir delas fez um ensaio sensível sobre a história do Brasil e de sua relação com o pai.
A editora Fósforo publica “O que é meu” só no mês que vem, mas o livro já teve os direitos adquiridos em dez países. Uma proeza espetacular para o mercado editorial brasileiro.
Doutor em Sociologia e professor da Faculdade Getúlio Vargas, José Henrique Bortoluci seguiu um caminho muito diferente do trilhado pelo pai, que percorreu as estradas do país testemunhando momentos históricos na boleia de um caminhão. Um desses momentos foi a construção da Rodovia Transamazônica, um dos projetos delirantes da ditadura militar brasileira.
José Henrique Bortoluci
A julgar pelo que se falou de “O que é meu” até o momento, Bortoluci faz uma literatura cuja proposta lembra a obra da francesa Annie Ernaux. Em livros como “O lugar” e “Os anos”, Ernaux usa sua história pessoal e da sua família para falar de questões amplas. Ela aborda, por exemplo, o embate de classes na França e as transformações tecnológicas que marcaram o mundo nos últimos 50 anos.
Nas palavras do documentarista João Moreira Salles, Bortoluci usa a perspectiva amorosa de um filho que enfrenta a doença do pai para narrar uma história social do Brasil.
É, sem dúvida, um livro para se aguardar.
Livro
“O que é meu”, de José Henrique Bortoluci. Fósforo, 144 páginas, R$ 59,90 e R$ 39,90 (e-book). Ensaio.
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