Obra de João Turin é inaugurada no centenário do físico César Lattes

Homenagem lembra os cem anos de nascimento do cientista paranaense

Entre as muitas pessoas ilustres homenageadas pelo artista João Turin (1878–1949), artista precursor da escultura no Paraná, está um dos maiores cientistas brasileiros, o paranaense César Lattes (1924–2005), que completaria 100 anos neste mês de julho. Turin o retratou em um baixo-relevo (forma escultórica em superfície plana), em 1948. O baixo-relevo até então se encontrava apenas em gesso, mas neste ano ganhou dois exemplares fundidos em bronze.

Isso foi possível graças a uma provocação do professor Ildeu Moreira, presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que entrou em contato com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), dizendo que seria interessante fazer uma homenagem a Lattes por ocasião de seu centenário de nascimento. Em uma pesquisa, Moreira encontrou uma matéria publicada em 29/12/1948, no jornal O Dia, dizendo que o consagrado cientista Lattes havia posado para João Turin, durante sua passagem pela capital paranaense, sua cidade-natal.

A partir dessa possibilidade, um grupo da UFPR, liderado pelo professor Rodrigo Reis, um dos articuladores do NAPI Paraná Faz Ciência, entrou em contato com a família Ferrari Lago, gestora do acervo artístico de João Turin.

“Em junho de 2023, recebemos o contato do professor Rodrigo Reis nos perguntando se havia, no acervo de obras do escultor João Turin, um baixo-relevo do César Lattes”, relata Samuel Ferrari Lago, gestor do acervo do artista. “O baixo-relevo estava no acervo de originais em gesso e, por isso, não era do conhecimento do público. A partir daí, iniciou-se o processo de fundição em bronze da obra”, explica Lago. Segundo o professor Rodrigo Reis, este baixo-relevo deverá ser instalado no Parque da Ciência Newton Freire-Maia em breve para fazer parte do novo planetário que será ali fundado.

Mais homenagens

A administração do município de Curitiba também decidiu homenagear o centenário do cientista, por meio da obra histórica de autoria de João Turin. Então, um segundo baixo-relevo foi confeccionado para ficar exposto no Memorial de Curitiba e foi inaugurado nesta quinta-feira (11/07), às 11 horas, em cerimônia que integrou o simpósio totalmente dedicado ao físico curitibano.

O evento, realizado exatamente no dia de nascimento de César Lattes, contou com diversas atividades e palestras ao longo do dia. A entrada é gratuita e aberta ao público, em uma realização conjunta do Departamento de Física da Universidade Federal do Paraná (DFIS-UFPR), do Programa de Pós-Graduação em Física (PPGF) da UFPR e do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná (IHGPR).

“Para nós, a justa homenagem ao centenário do renomado cientista, com uma obra assinada por Turin é motivo de alegria. É também a comprovação de que um acervo artístico consolidado há décadas continua vivo e atual”, completa Lago.

Sobre César Lattes

Cientista da área da Física, César Lattes é paranaense, nascido em Curitiba em 11/07/1924, e foi o descobridor, em 1946, da existência de uma partícula subatômica chamada méson pi, que permite a interação nuclear e a movimentação de prótons e nêutrons no núcleo das células. Sem o méson pi, nenhuma matéria pode existir. Este experimento ganhou o Nobel de Física em 1950. Porém, quem ficou com o prêmio não foi Lattes, mas o chefe da equipe, o estadunidense Cecil Powell, como era costume na época. No Brasil, Lattes foi fundador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o CNPq. O sistema utilizado para cadastrar os currículos de cientistas, pesquisadores e estudantes brasileiros se chama “Plataforma Lattes” em sua homenagem.

Sobre João Turin

Nascido em 1878 em Morretes, no litoral do Paraná, mudou-se ainda garoto para a capital Curitiba, iniciando seus estudos em artes, chegando a ser professor. Especializou-se em escultura em Bruxelas e em seguida morou por 10 anos em Paris. Retornou ao Brasil em 1922, trazendo comentários elogiosos da imprensa francesa. Foi premiado no Salão de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1944 e 1947. Faleceu em 1949 e é considerado o maior escultor animalista do Brasil, precursor da arte escultórica no Paraná e um dos criadores do movimento artístico e cultural conhecido como Paranismo. Os trabalhos do artista compõem acervos de 15 museus e instituições do Brasil, além de possuir obras em locais públicos do Paraná, Rio de Janeiro e França. Em sua homenagem, foi inaugurado o Memorial Paranista, em Curitiba, que reúne 100 obras.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima