Torcidas em polvorosa; terminais em disputa 

Enquanto uns votam para conselheiro, outros saem de casa para brigar

Neste domingo (01) poucas horas antes do apito soar no gramado do Couto Pereira, dando início ao Athletiba a Polícia Militar (PM) já foi acionada para dispersar confrontos em três terminais de ônibus de Curitiba. Ocorreram mais de 50 abordagens e pelo menos sete detenções.  Tumultos foram causados por torcedores dos times rivais e devem causar atrasos em algumas linhas. Simultaneamente, ocorrem as eleições para o Conselho Tutelar.

12 horas e 47 minutos. 200 torcedores do Athletico são flagrados rumando em direção ao Terminal do Sítio Cercado. De acordo com  a PM, suspeitos estariam com barras de ferro e pedras.

A Polícia Militar é acionada para conduzir os torcedores até o estádio, onde ocorre o clássico confronto entre Athletico e Coritiba, sem que ocorram confrontos. Enquanto isso, no Pilarzinho, uma viatura dispersou torcedores que causavam tumulto pelas ruas do bairro – foram abordados 50 torcedores. Sete deles foram detidos e encaminhados para a delegacia. 

Confrontos entre as duas torcidas não são raros. Em dias de Athletiba, é sabido que não é uma boa ideia sair pelas ruas de Curitiba usando vermelho ou verde. Uma simples compra no mercado da esquina pode tornar-se um verdadeiro perigo caso algum de seus vizinhos seja um torcedor violento.

Não muito tempo depois da ocorrência no Sítio Cercado, uma equipe da Polícia Militar é acionada via 190 para comparecer ao Terminal do Portão. Cerca de 50 torcedores estariam ameaçando pedestres com paus e pedras. Os policiais abordaram o grupo, mas não constataram nada de ilícito. Então, escoltaram os torcedores até o estádio. 

A violência entre torcidas rivais ganha um ar de legitimidade nos dias em que um clássico como esse acontece. Inquietação, uma fúria reprimida que assombra o peito de tantos homens e mulheres encontra uma válvula de escape. Torcedores encontram seus pares, unidos pelo laço inquebrável do amor ao clube, e rumam ao estádio do jogo. 

No Terminal do Pinheirinho, logo no começo da tarde uma fila de jovens rendidos por guardas municipais alongava-se por toda a extensão da galeria subterrânea, que liga as diferentes plataformas. Os comerciantes, assustados, fecharam as portas dos estabelecimentos. Os guardas orientavam os pedestres para que circulassem rapidamente, sem atrapalhar a abordagem. Pelo menos algumas dezenas de jovens eram revistados, em busca de armas ou rojões que poderiam ser usados em confrontos de torcida. A Polícia Militar é acionada para prestar apoio à Guarda Municipal.

Os grupos de torcedores inflamados rumam ao estádio do jogo. Porém, se cruzarem com torcedores do time rival no caminho, o conflito é certo. Paus e pedras transformam-se em armas na luta contra o diferente. Em alguns casos, rojões e armas de fogo completam a tragédia. Vale ressaltar que nem todos os torcedores são violentos – pelo contrário, uma minoria barulhenta causa grande incômodo aos apaixonados pelo futebol que são contra a violência dentro e fora do campo.

Enquanto a revista acontecia em dezenas de jovens no subsolo do Terminal do Pinheirinho, ouvia-se um canto de torcida em coro. Chegou na plataforma mais à esquerda do Terminal um ônibus bi-articulado lotado de torcedores do Coritiba. Os guardas subiram as escadas e se prepararam para receber o ônibus com bombas de efeito moral. Estouraram-nas assim que o bi-articulado parou na plataforma.

Houve grande tumulto – torcedores que fugiam dos estouros e cidadãos que estavam perto da plataforma se aglomeraram para passar pelas catracas de saída do Terminal. Pais correm para longe do Terminal carregando crianças pequenas, que choram. Figurinhas carimbadas dos Terminais, vira-latas caramelo se abrigam da barulheira nas marquises de comércios das ruas próximas. Poucos minutos depois, o alvoroço havia sido contido. Porém, a plataforma seguiu interditada – a via estava ocupada por uma ambulância dos bombeiros, que foram acionados para atender um cidadão que sofreu uma crise de pânico.


Nos terminais e ruas da capital paranaense um encontro curioso entre diferentes faces de Curitiba. Enquanto torcedores ensandecidos buscam confronto com torcidas rivais, muitos cidadãos armados apenas com o título de eleitor precisam desviar das bombas de efeito moral e fugir do gás lacrimogêneo. Esses últimos estão na rua para participar do pleito que define quem serão os Conselheiros Tutelares da próxima legislatura.

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