Ausentes, Eduardo Pimentel e Luciano Ducci viram alvos no debate do Plural

Debate reuniu seis candidatos à prefeitura de Curitiba na noite desta quinta-feira, no campus Jardim Botânico da UFPR

O Plural realizou na noite desta quinta-feira (12) o debate entre os candidatos à prefeitura de Curitiba, no auditório do campus Jardim Botânico da UFPR. Andrea Caldas (Psol), Cristina Graeml (PMB), Luizão Goulart (Solidariedade), Ney Leprevost (União Brasil), Roberto Requião (Mobiliza) e Samuel de Mattos (PSTU) debateram temas como transporte público, habitação, pessoas em situação de rua e os efeitos das mudanças climáticas. Ausentes, os candidatos Eduardo Pimentel (PSD) e Luciano Ducci (PSB) viraram alvos fáceis e foram duramente criticados por não participarem. Maria Victoria (PP) e Felipe Bombardelli (PCO) também não compareceram.

Com um formato diferente, o debate teve três blocos com perguntas sobre temas específicos, elaboradas por representantes de sindicatos, da Escola Paranaense de Direito e da Agência Escola da UFPR. Em dois blocos, os candidatos puderam fazer questionamentos sobre temas livres entre eles, em duplas, com três minutos para cada um. Na apresentação e nas considerações finais, cada candidato teve um minuto à disposição. O encontro foi patrocinado pela Escola Paranaense de Direito, pelo Senge-PR, pelo Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba, pelo Sindicato dos Petroleiros do Paraná e de Santa Catarina e pelo SinFisco Curitiba. Também teve apoio da UFPR, da seccional paranaense Ordem dos Advogados do Brasil e da Agência Escola da UFPR. O mediador foi o jornalista Rogerio Galindo.

“Mercadores”

Eduardo Pimentel e Luciano Ducci entraram na mira assim que os candidatos começaram a série de perguntas entre eles. Ao debater sobre transporte coletivo com Luizão Goulart, Roberto Requião passou a criticar os dois ausentes. “O problema de Curitiba hoje é o transporte coletivo. Nós estamos pagando R$ 8 por passagem, R$ 6 vocês pagam e R$ 2 a prefeitura subsidia. Porque quem fez o contrato lá atrás foi o Luciano Ducci, fez o edital e fez a licitação. Há dez anos a tarifa de Curitiba era a décima quinta mais cara do Brasil, hoje é a mais cara do Brasil na mão do (Eduardo) Pimentel Slavieiro. Eles têm um negócio com a tarifa, eles mercantilizaram esse processo”, disse Requião.

Para Requião, a atual gestão da prefeitura é formada por “mercadores”. “Não podemos ter mercadores no processo eleitoral, mercadores que fogem do debate porque não têm coragem. A tese deles é a privatização de tudo. O pessoal do Pimentel já vendeu a Copel, estão vendendo a Sanepar agora”. Goulart concordou, disse que pretende construir 5 mil moradias por ano para realocar as familias que moram em áreas irregulares e criticou a atual gestão. “Daqui para a frente vamos ter eventos climáticos severos e eu não estou vendo uma preocupação em relação a preparar a nossa capital para enfrentar esses eventos climáticos”.

“Piá de prédio”

Samuel de Mattos questionou Ney Leprevost por ele fazer da base do governador Ratinho Júior (PSD), que apoia a candidatura de Eduardo Pimentel à prefeitura. Leprevost disse que nunca fez parte da base de Greca e que o prefeito “nos diverte no tik tok”, mas admitiu apoiar Ratinho Júnior. Leprevost então criticou os ausentes da noite. “O que você acha de um candidato que se fiz preparado (Pimentel) e foge do debate, o que você diz de um candidato que se diz progressista e não tem coragem de vir aqui debater?”, questionou. “Me disseram que o Pimentel não veio por medo da Cristina Graeml e que o Ducci não veio por medo do Requião”.

Mattos respondeu que Eduardo Pimentel é um “piá de prédio”. “Para a gente, o Eduardo Pimentel é um piá de prédio, não sabe o que é uma carteira assinada, sempre teve cargo político, padrinho político. Veio de uma família de políticos e teve de tudo que há de bom, em todos os sentidos, não sabe o que é a realidade da classe trabalhadora”. O candidato do PSTU disse ainda considerar um absurdo o fato de Ademar Traiano (PSD) ser o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, depois de ter feito um acordo para escapar de um processo criminal, e ter conduzido a votação do projeto que autou o governo de Ratinho Júnior a terceirizar a administração de 202 escolas.

“Covardia”

Ao debater com Requião, Cristina Graeml disse que há “covardia” por parte de Eduardo Pimentel. “O candidato Slaviero (Pimentel) não se faz presente. Covardia mais uma vez. Não me supreende, porque no debate da Band ele só confirmou presença depois que eu fui desconvidada. Então para mim é normal que ele fuja do debbate, como o diabo foge da cruz”, afirmou a candidata. “Fuga e falta de coragem dos candidatos que se dizem preparados, mas não têm a postura de vir aqui encarar a discussão da cidade”. Para Requião, os ausentes são “preparados como um congelado de microondas”. “Vai para o microondas e não tem sustância alguma. Não têm coragem e não têm proposta. É a farsa da comunicação na televisão”.

Nas considerações finais, os ausentes também foram criticados. “Lamento a fuga dos candidatos. Começaram muito mal. Quem quer administrar uma cidade e foge do debate não está fazendo bem”, afirmou Andrea Caldas. “Estou em uma luta contra a máquina federal, que apoia um candidato, e a máquina municipal, que apoia o outro candidato, que se diz preparado, mas que não teve coragem de vir a este debate”, criticou Ney Leprevost. “Eles não têm coragem de participar de um debate. Não vi ninguém vinculado à mercância e à patifaria nesse debate”, disse Requião.

As linhas de cada candidato

Veja as principais linhas adotadas por cada candidato no debate do Plural:

Andréa Caldas – Disse que a população em situação de rua é uma de suas grandes preocupações e que falta planejamento da prefeitura nessa área. Propôs criar a Secretaria de Assistência Social e prometeu reabrir centros de assistência que foram fechados. Defendeu políticas intersetoriais para combater a violência contra a mulher e ações preventivas para enfrentar as emergências climáticas.

Cristina Graeml – Procurou apresentar sua candidatura como a “única de direita”. Defendeu o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, disse ser contra o aborto e prometeu aumentar o número de vagas em creches. Também disse considerar necessário acolher pessoas em situação de rua promover o diálogo entre empresários e trabalhadores. Afirmou que há uma “asfixia financeira” contra sua candidatura.

Luizão Goulart – Ressaltou sua experiência como prefeito de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Prometeu criar 5 mil moradias populares por ano para retirar famílias de áreas vulneráveis, reservando 3% do orçamento para este fim. Disse que há pouco investimento contra alagamentos na cidade e avaliou que a prefeitura não trabalha para reduzir o número de pessoas em situação de rua.

Ney Leprevost – Disse que sua candidatura é “a única de centro” na cidade, “contra os extremismos”. Negou ter apoiado a gestão de Rafael Greca, mas admitiu fazer parte da base do governador Ratinho Júnior (PSD). Defendeu seu programa “Cristos” (Centros de Reabilitação, Inclusão, Trabalho e Organização) para pessoas em situação de rua, unindo vários setores da prefeitura. Disse ser contra terceirizações e privatizções em áreas essenciais.

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Roberto Requião – Fez um discurso contrário às privatizações e às terceirizações. Propôs criar uma frota pública de transporte coletivo, como ocorreu em sua primeira gestão como prefeito, na década de 1980. Disse que pretende priorizar as pessoas e atacou o que chamou de “mercantilização” na prefeitura. Defendeu a formação continuada dos servidores para aumentar a qualidade dos serviços públicos.

Samuel de Mattos – Definiu sua candidatura como de “oposição de esquerda” ao governo Lula. Disse ser favorável à legalização do aborto e que o tema seja tratado como uma questão de saúde pública. Defendeu a demarcação das terras indígenas e o enfrentamento ao agronegócio como forma de preservar o meio ambiente. Também defendeu a estatização do transporte público.

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