Estação-tubo Maria Clara pode mudar de nome para homenagear Oziel Branques dos Santos

Vereadores aprovaram requerimento para mudança, mas é necessária anuência da prefeitura para que isso aconteça

Nesta semana a vereadora Giorgia Prates (PT) apresentou requerimento sugerindo a mudança do nome da estação-tubo Maria Clara, em Curitiba, para “Oziel Branques dos Santos”, como forma de homenagem ao homem que foi morto por defender um casal de ataques transfóbicos. A sugestão foi aprovada, mas para ocorrer precisa da autorização da prefeitura.

Santos foi esfaqueado diversas vezes por se posicionar contra ataques transfóbicos sofridos por um casal que estava no mesmo ônibus que ele, o biarticulado Santa Cândida-Capão Raso.

Vagner do Prado, 41 e o sobrinho dele, de 17 anos, começaram a ofender o casal Camila Dias (mulher transgênero) e Jean Sulin (homem cisgênero). A dupla chegou a tentar tirar a roupa de rapaz para ver “se ele era homem”.

Oziel Branques dos Santos interveio e pediu para que os agressores parassem, mas foi segurado por um esfaqueado por outro ainda dentro do ônibus. Os criminosos fugiram após desembarcar na estação-tubo Maria Clara, mas foram capturados instantes depois pela Polícia Militar (PM).

Nesta semana o Ministério Público do Paraná (MPPR) denunciou Prado por homicídio qualificado, corrupção de menor e transfobia. Ele responde ao processo em regime fechado.

O adolescente envolvido também responde às acusações, mas o processo tramita em segredo de justiça pois ser menor de 18 anos.

Câmara

O requerimento apresentado na Câmara não tem força de lei, ou seja, é uma sugestão ao Poder Executivo. Na justificativa a vereadora Giorga Prates afirma que o altruísmo e bravura de Oziel Branques dos Santos não devem ser esquecidos.

“Solicitada por muitos munícipes, a alteração do nome mostrará que Curitiba é contra a LGBTfobia”, diz outro trecho do documento.

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Em alusão ao mês do orgulho a Câmara de Curitiba ganhou iluminação nas cores da bandeira LGBT, como ocorre em outras datas que constam no calendário oficial do município como Outubro Rosa etc.

fachada iluminada com cores da bandeira gay

Mesmo diante do caso grave de transfobia que resultou na morte de Oziel Branques dos Santos, o vereador Eder Borges (PL) apresentou moção de protesto contra a própria Câmara em virtude da iluminação.  O documento foi rejeitado em plenário.

Para Eder Borges a iluminação é “propagação de ideologias”. O presidente da Casa, Marcelo Fachinello (Podemos), precisou explicar a instrução normativa que rege as iluminações temática da casa para Borges. “Temos um calendário anual pré-fixado pela Casa, com algumas datas que são programadas: Semana da Pátria, no 7 de setembro; aniversário da cidade, em março; Outubro Rosa e outras que já estão previamente definidas, que já existe uma iluminação prevista para isto. E conforme esta instrução normativa, que é anterior à minha presidência, o senhor pode requisitar, e nunca fez desde o início do seu mandato, nenhum pedido de iluminação do Palácio. Poderia iluminar com uma causa do seu mandato, uma bandeira que o senhor traz aqui para dentro, que é justo e é democrático”.

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A autora do pedido da iluminação temática pelos direitos da população LGBT foi a vereadora Maria Leticia (PV), que acusou Borges de ser homofóbico.  “Haja vista que vivemos situações extremamente violentas quando somos reconhecidos como homossexuais e isto é extremamente delicado. Há de se combater a homofobia e quando vejo um discurso deste aqui na Câmara, para mim, com clareza, este discurso é homofóbico”, disse durante a sessão.

Diversidade

Neste domingo (30) ocorre a Marcha pela Diversidade de Curitiba, uma das ações programadas no “mês do orgulho”, voltado para conscientização e defesa dos direitos da população LGBT. A marcha também contará com homenagens à memória de Santos, que embora evangélico, se posicionou contra a violação dos direitos do casal.

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1 comentário em “Estação-tubo Maria Clara pode mudar de nome para homenagear Oziel Branques dos Santos”

  1. Homenageia sim este herói da cidadania que foi Oziel mas deixa Maria Clara em paz. Alguém precisa passar uma lei para garantir o óbvio. Não se muda nome dado a logradouro público. Do valoroso mandato Prates era de se esperar outra proposta. Que coisa! P.S. Que tal abrir subscrição pública para ajudar a família do Oziel Branques? Que tal a Câmara promover concurso para monumento à memória desse grande cara?

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