Feriado em Curitiba será marcado por protestos contra e a favor de Bolsonaro

No dia em que o Brasil completa 200 anos de Independência, a tensão política do país pode chegar ao ponto mais alto dos últimos anos – o que não é dizer pouco. Assim como acontecerá em outras capitais, Curitiba receberá celebrações do Bicentenário que se confundem com propaganda política do presidente Jair Bolsonaro (PL), e também protestos contra o governo.

Serão ao menos quatro grandes eventos no feriado em Curitiba: o desfile oficial em comemoração ao bicentenário da independência, um grande culto evangélico e protestos políticos, tanto a favor quanto contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). No entanto, os manifestantes devem enfrentar chuva e tempo instável durante o feriado, segundo o Sistema de Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar).

Desfile militar

O desfile militar tradicional de 7 de setembro será organizado pela 5ª Divisão do Exército Brasileiro e pelo governo do Paraná. A previsão de início é às 10h na Avenida Cândido de Abreu, que estará fechada das 6h até as 15h. A programação começa às 8h, com a Revista da Tropa pelo governador do Paraná e pelo Comandante da Artilharia Divisionária da 5º Divisão do Exército, General de Brigada Ricardo Santos Taranto.

Às 10h, desfilam alunos de escolas militares e tropas da Marinha, Exército, Aeronáutica, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar do Paraná, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil do Paraná, Departamento Penitenciário e Guarda Municipal de Curitiba, além de instituições governamentais não militares, como a Defesa Civil e agentes da Superintendência de Trânsito (Setran).

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Com duração estimada até o meio-dia, o desfile militar contará com a participação de três mil integrantes das Forças Armadas, segundo a assessoria de comunicação do Exército. Além disso, o desfile contará com a participação de ex-integrantes da primeira Operação de Paz que o Brasil participou, o Batalhão Suez. O Exército também vai expor algumas viaturas históricas, como o Jeep Willys e Jeep Dodge Command, ambos de 1945. 

Culto

Já o grande culto organizado por lideranças evangélicas está previsto para começar às 9h. O  “ato de Louvor e Clamor pela Pátria” acontecerá na praça 19 de Dezembro, conhecida como praça do Homem Nu. Entre as igrejas que apoiam o movimento está a igreja Pentecostal. 

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Contra

O “Grito dos Excluídos e das Excluídas”, que chega à 28ª edição, terá um caráter nitidamente contrário às políticas do atual governo. O ato tem o objetivo de dar visibilidade para as demandas e lutas dos brasileiros que não foram incorporados ao Brasil considerado independente, que ainda mantém raízes desiguais, machistas e racistas. 

A mobilização reúne partidos de esquerda, como PT, PSB, PCdoB e PV, e movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), as pastorais sociais da Arquidiocese de Curitiba e moradores da região do Tatuquara. Os protestos vão partir do barracão da comunidade Vila União, localizado na Rua Professora Clara Kaehler, no Bairro Tatuquara.

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O grito dos excluídos e excluídas ocorre desde 7 de setembro de 1995, como um contraponto ao orgulho nacionalista propagado pela comemoracao militar da independência do Brasil. A ideia de oposição ao “Grito do Ipiranga” surgiu há 28 anos durante a 2ª Semana Social Brasileira, evento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Na época, o lema do evento era “a fraternidade e os excluídos”; por isso, o ato contra o nacionalismo exagerado ficou conhecido como Grito dos Excluídos”.

Nesse sentido, a mobilização é uma forma de trazer visibilidade às demandas de pessoas que lutam pelos direitos à moradia, à terra, ao trabalho e à democracia, alertando para a necessidade de construir um projeto popular para o país, a favor da agroecologia e da produção de alimentos orgânicos e saudáveis.

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Em nota, a organização do Grito dos Excluídos afirma que o movimento se organiza há 28 anos para dar voz a quem não teve desde o Grito do Ipiranga. “As comemorações oficiais do Bicentenário da Independência começaram de modo curioso, com a chegada do coração de D. Pedro I. O gesto indica uma valorização da historiografia oficial e dos ‘heróis’ que estampam monumentos pelo país”.

A favor

Durante a tarde, estão previstos protestos a favor do presidente Jair Bolsonaro, organizados “em celebração do Bicentenário da Independência do Brasil e em defesa das liberdades e de eleições transparentes”, segundo os organizadores do movimento. O ato começará às 14h na Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico de Curitiba, com previsão de carreatas vindas de Balsa Nova, Campo Largo, Mandirituba e Fazenda Rio Grande. 

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Os protestos foram convocados por movimentos de direita, políticos apoiadores do presidente, empresários, lideranças religiosas e representantes do agronegócio. O próprio Bolsonaro, por sua vez, participará de atos em Brasília e no Rio de Janeiro e fará uma live nas redes sociais de um pronunciamento para os manifestantes na Avenida Paulista, em São Paulo.

Além disso, o próprio presidente estimulou as manifestações durante a convenção partidária que o oficializou candidato à reeleição, em 24 de julho deste ano. “Convoco vocês agora, vamos às ruas no dia 7 de setembro pela última vez. Esses poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo”, afirmou. 

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Os “surdos de capa preta”, nesse contexto, são os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), aos quais Bolsonaro direciona insultos e xingamentos por conta de decisões judiciais que atingem membros de sua família, como as investigações sobre as “rachadinhas” no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Os movimentos contra e a favor de Bolsonaro fazem parte de uma iniciativa nacional que ocorrerá nas principais capitais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e Fortaleza. 

Previsão

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Curitiba e região metropolitana estão sob alerta laranja de tempestade até às 10h de quarta-feira (7). A estimativa é de chuva com intensidade de 30 mm e 60 mm por hora ou 50 até 100 mm por dia, com ventos na velocidade de 60 a 100 quilômetros por hora e risco de granizo.

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