Goura diz que esquerda precisa se unir para não dar Curitiba “de bandeja” para a extrema-direita

Deputado do PDT foi o primeiro entrevistado na série de sabatinas promovida pelo Plural e pelo Senge

O deputado estadual Goura (PDT) afirma que as candidaturas de esquerda e centro-esquerda precisam se unir em torno de um único projeto em Curitiba sob pena de “entregar a cidade para a extrema-direita” por quatro anos. A declaração foi dada nesta terça-feira (28) por Goura, primeiro entrevistado pelo Plural na série de sabatinas com os pré-candidatos a Prefeito de Curitiba.

Logo no começo da conversa, Goura admitiu que existem tratativas para que ele seja parte de uma candidatura única de centro-esquerda na cidade. Embora o deputado não tenha dito com todas as letras, sabe-se que o mais provável é que o deputado federal Luciano Ducci (PSB) seja o cabeça da chapa, com Goura de vice. Nesta semana, o PT nacional decidiu que, ao invés de ter candidato próprio em Curitiba, deve apoiar a candidatura de Ducci.

“A gente corre o risco de o segundo turno em Curitiba ser entre uma candidatura ruim e outra muito pior. Uma candidatura de direita e outra de extrema direita. É um risco muito sério de passarmos mais oito anos num governo de extrema direita em Curitiba”, disse o deputado. A extrema-direita, segundo Goura, inclui o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), candidato de Rafael Greca (PSD) e Ratinho), que recentemente disse querer o apoio de Jair Bolsonaro (PL).

Sobre a figura de Luciano Ducci, que provavelmente comandaria a chapa, Goura foi questionado se ele poderia, de fato, ser considerado de esquerda. “Quando o Ducci foi prefeito eu era um ativista da bicicleta e fomos bastante críticos à gestão dele, mas vejo sim diferenças [entre as gestões de Ducci e Greca]. Teve um olhar para a saúde, por exemplo, que o Greca desmontou. Medicina da família… Existem convergências”. Mas temos que falar do presente e dos compromissos com o futuro. Eu me reaproximei do deputado Luciano na discussão da cannabis medicinal. Ele foi o relator do PL em Brasília e eu sou autor da Lei Pétala aqui no Paraná., disse Goura.

Falando sobre transporte coletivo, Goura insistiu que seria possível implantar a tarifa zero na cidade. “O custo do transporte em Curitiba é de aproximadamente R$ 1 bilhão. O orçamento da cidade é de R$ 14 bilhões. Falta vontade política do prefeito para baixar a tarifa”, afirmou. De acordo com o deputado, uma das possibilidades seria criar uma espécie de cartão único que permitisse ao cidadão pagar uma “assinatura” mensal e, com isso, ter acesso livre aos ônibus e a outros meios de transporte, como bicicletas alugadas.

Goura disse que a ideia difundida pelo prefeito Greca de que a compra de ônibus elétricos irá descarbonizar o transporte seria uma balela. “Eletrificar 1,2 mil ônibus e achar que estamos fazendo a nossa parte é hipocrisia. O que nós temos que fazer é tirar 100 mil carros das ruas”, afirmou ele. E para isso, seria preciso ter um transporte coletivo que seja mais vantajoso, calçadas decentes e ciclovias seguras.

Manoel Ramires, coordenador de comunicação do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge), questionou o deputado sobre as renúncias fiscais do governo do Paraná que afetam a capital. “Em Curitiba deixamos de arrecadar R$ 592 milhões sem que a prefeitura brigue por essa verba”, disse o jornalista. Goura disse que esses recursos poderiam, por exemplo, para diminuir a tarifa do ônibus pela metade. “O que poderia ser feito com esse dinheiro por exemplo para zerar o déficit da creche?”, perguntou o deputado, dizendo que Greca tem uma atitude de passividade com o governo Ratinho.

Goura disse ainda que em princípio é contrário às terceirizações aprovadas pela gestão Greca nas áreas de saúde/educação. Segundo ele, isso teve a ver com o “pacotaço” aprovado por Greca logo no início de seu mandato 2017. O deputado fez questão de associar a violência dos confrontos para aprovação do pacote fiscal não apenas ao prefeito, mas também a seu vice, o hoje pré-candidato Eduardo Pimentel.

Entre os compromissos assumidos pelo candidato, estão o de promover a diversidade no primeiro escalão da Prefeitura, com mais negros, mulheres e pessoas LGBT; e também o compromisso de aumentar os valores da Lei de Incentivo à Cultura oferecidos anualmente pelo município a artistas.

A próxima entrevista da série está marcada para o dia 4 de junho, às 19h, com o deputado estadual Ney Leprevost (União). As sabatinas têm apoio do Senge e ouvirão onze pré-candidatos que disputam a Prefeitura de Curitiba neste ano.

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4 comentários em “Goura diz que esquerda precisa se unir para não dar Curitiba “de bandeja” para a extrema-direita”

    1. Se não tiver uma candidatura relevante, ainda que associada ao Ducci se considerarmos o jogo da esquerda x direita. Teremos que escolher entre Pimentel e Ney leprevost. Aí sim entregamos de bandeja. Afinal não lutamos contra.

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