Um artigo publicado por Rogerio Galindo no Plural sugere que o PT teria “entregue” Curitiba ao bolsonarismo ao priorizar acordos nacionais, tendo usado a cidade como uma “moeda de troca” para apoios ao partido em outras capitais.
Tem alguma lógica essa acusação?
Obviamente que não.
O Presidente Lula definiu apenas uma premissa para as alianças eleitorais do PT neste ano: apoiar candidaturas democráticas com as melhores chances de vitória. Para Curitiba, a maioria da direção nacional do PT considerou que a melhor estratégia para derrotar o bolsonarismo era uma chapa ampla, com Luciano Ducci e Goura.
Portanto, não houve qualquer “moeda de troca” ou acordo inconfesso, mas sim uma avaliação política sobre o melhor caminho para esta difícil disputa. Infelizmente, essa estratégia não foi validada pela maioria dos eleitores, que escolheram Cristina Graeml e Eduardo Pimentel para o segundo turno.
O PT só seria “culpado” por permitir este triste cenário do segundo turno – entre duas vertentes do bolsonarismo – se tivesse candidaturas próprias com reais chances de vitória e optasse por não concorrer. Não foi o caso. Diversas avaliações podem ser feitas sobre a decisão do PT e o seu resultado, mas, diante das escolhas dos eleitores no dia 06, é difícil argumentar que uma candidatura própria do partido teria superado os 19% alcançados pela chapa Ducci e Goura. Aliás, se houvesse uma tendência clara de voto à esquerda, figuras como Requião e Andrea Caldas teriam alcançado melhor desempenho na ausência de uma candidatura petista.
O PT, como principal partido de esquerda, deve, sim, refletir sobre suas estratégias, fazendo um sério balanço sobre o resultado eleitoral nacional. Mas isso não significa que o partido tenha feito qualquer acordo para permitir o avanço da extrema-direita. Isso é uma acusação absurda. O crescimento da extrema direita é um fenômeno mundial, com muito dinheiro de grandes magnatas para disseminar mentiras, desestabilizar democracias e pilhar riquezas nacionais.
O PT nunca foi um partido que se curva ao avanço da extrema-direita. A decisão de apoiar Ducci e Goura em Curitiba foi um passo estratégico, fruto de uma leitura das condições políticas concretas deste momento e visando um campo democrático em nossa cidade, que contará com 6 das 38 cadeiras da Câmara Municipal.
Seguiremos com a luta por uma Curitiba mais solidária, igualitária e plural. O bolsonarismo não terá o último capítulo dessa história! O PT continuará de pé, lutando com convicção e coragem.