Parlamentares do Paraná votaram contra relatório da CPMI que indicou tentativa de golpe

Os parlamentares paranaenses integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os atos golpista de 8 de janeiro não apoiaram o relatório final, aprovado com vinte votos a favor e onze contra neste última quarta-feira (18). Faziam parte da […]

Os parlamentares paranaenses integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os atos golpista de 8 de janeiro não apoiaram o relatório final, aprovado com vinte votos a favor e onze contra neste última quarta-feira (18). Faziam parte da comissão dois representantes do Paraná: o deputado Filipe Barros (PP) e o senador Sergio Moro (União), nomeado como suplente. Tanto Barros quanto Moro têm sido muito críticos com o trabalho da Comissão desde que ela foi instalada, não acreditando que a invasão da Praça dos Três Poderes por parte dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fosse uma tentativa de golpe de Estado.

Nas 1.333 paginas do relatório final da Comissão, o episódio foi definido como “uma ruptura democrática” e “uma fracassada intenção de golpe”. Suspeita que a comissão levou em conta também em função das revelações contidas na delação do ex-ajudante de Bolsonaro, Mauro Cesar Barbosa Cid, que afirmou à PF que o ex-Presidente entregou a Filipe Martins uma minuta de golpe de Estado caso não fosse reeleito.

Na ultima reunião da comissão, o deputado Filipe Barros reconstruiu a seu modo os fatos do dia 8 de janeiro, afirmando que a Polícia Militar do Distrito Federal apenas cometeu alguns “equívocos”.

“Aquele dia foi uma grande farsa para construir uma grande narrativa para incriminar Bolsonaro e seus eleitores”, disse Barros na sua fala. Além disso, o deputado paranaense defendeu os manifestantes “que foram presos injustamente” naquele dia porque, segundo ele, não poderiam ter tentado um golpe de Estado ocupando apenas prédios públicos. Por esta razão, o deputado da bancada bolsonarista na Câmara votou contra o relatório.

A comissão, no entanto, esclareceu que a “leniência de alguns dos principais generais dentro do exército com a permanência dos acampamentos (dos manifestantes) em área militar foi essencial para a tentativa de golpe de Estado”. De acordo com o relatório, o episódio foi interpretado pelos manifestantes pró-Bolsonaro como um “incentivo à invasão”. 

Deste ponto de vista, os manifestantes achavam que a ocupação dos edifícios da Praça dos Três Poderes poderia servir para convencer os militares a tomar o poder. 

O senador Sergio Moro foi o segundo parlamentar paranaense que acompanhou parte do trabalho da comissão. Por sua condição de suplente, Moro não participou da votação final, porém durante a última sessão da comissão interveio afirmando que a invasão foi simplesmente uma “exorbitância” causada por “animo de multidão”. Além disso, o ex-juiz da operação Lava Jato declarou que a aprovação do relatório representa um ataque às Forças Armadas. “Não há provas que foi uma tentativa de golpe”, continuou o senador da União Brasil acrescentando que naquele dia não houve uma mobilização do Exército para dar um golpe. 

Por outro lado, a senadora Soraya Thronicke (PODE), ex-candidata à Presidência pelo União Brasil, na época apoiada pelo mesmo Moro, votou a favor do relatório. “Os manifestantes que estão presos eram uma parte deste projeto golpista”, declarou a senadora, afirmando que atrás deles houve uma cúpula político-empresarial envolvida nos ataques do dia 8 de janeiro.

Apesar das criticas feitas pelos parlamentares paranaenses, o relatório aprovado destacou o crescimento entre 2020 e 2021 dentro da Polícia Militar, da Polícia Civil e da Polícia Federal de policiais próximos ao extremismo bolsonarista por meio de um estudo sobre suas interações nas redes sociais. Um fenômeno que a comissão definiu como “um processo de bolsonarização das forças de segurança”.

Além disso, os integrantes da comissão documentaram que a reação da Força Nacional foi “lenta”, embora “a autorização para o seu emprego já houvesse sido dada na véspera”. Foram registrados inúmeros “episódios de leniência das forças de segurança com os invasores”, apontou o relatório. Por exemplo, os policiais militares “chegaram a sinalizar para que os presentes prosseguissem com a invasão”, além de terem desobstruindo a passagem e cumprimentado os invasores.

O relatório chama atenção também para as duas minutas do golpe encontradas pela Polícia Federal. A primeira era o texto de um decreto aprendido na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que previa a decretação do Estado de Defesa na sede do TSE, com a possibilidade de extensão a todos os TREs. De acordo com a comissão, este documento nos últimos meses do governo Bolsonaro começou a circular por vários gabinetes, inclusive o da deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL), que de fato admitiu tê-lo recebido. Uma segunda minuta, porém, foi encontrada no celular do coronel Mauro Cid e consistia em um decreto para aprovar o Estado de Sitio.

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