Poucos dos que foram candidatos a vereador em Curitiba são realmente comprometidos com a cultura, o número de eleitos é ainda menor – muito menor. O grupo que terá o árduo trabalho de enfrentar uma Câmara Municipal com número recorde de conservadores, além da prefeitura que também estará nas mãos de bolsonaristas, tem apenas três nomes na linha de frente: Angelo Vanhoni (PT), Giorgia Prates (PT) e Marcos Vieira (PDT). O trio não é novato, todos foram reeleitos.
Reforço na Cultura
Ao lado dos três, aparecem alguns para somar forças. No lugar de Professora Josete (PT), que não se candidatou para um sexto mandato, vem Vanda de Assis (PT) – mulher, nordestina, assistente social e educadora. Saíram Maria Letícia (PV), uma grande perda para o segmento, Rodrigo Reis (PL) e Alexandre Leprevost (União), esses dois com apoios mais pontuais, como sobre o Carnaval.
Mas a aposta é que o número de aliados seja o mesmo dos últimos anos . Três mulheres em primeiro mandato, assim como Vanda, representam pautas afins com as de cultura e podem ser importantes para novas conquistas. Elas são Professora Angela (PSol), Laís Leão (PDT) e Camila Gonda (PSB).
Leia também: Cultura em Curitiba: Quais são as melhores propostas dos candidatos a prefeito?
Quase lá
A feminista, produtora cultural e ativista pelos direitos das mulheres e das crianças, Roberta Cibin (PDT), mesmo sem votos suficientes para ser eleita, quase conseguiu uma vaga como vereadora em uma espécie de “dança das cadeiras”. Como Goura é o único deputado estadual do PDT no Paraná, caso virasse vice-prefeito, deixaria a vaga na Assembleia Legislativa para o primeiro suplente da legenda, que é Marcos Vieira. Por sua vez, Vieira desocuparia uma das duas cadeiras do partido na Câmara de Curitiba e, assim, Roberta tomaria posse no ano que vem, pois está no topo da lista de suplentes do PDT. Só que a chapa de Goura não foi para o segundo turno.
Ainda existe alguma chance para ela, mas será preciso que Vieira saia candidato a deputado novamente (em 2026) e seja eleito, ou que ele se afaste por outro motivo. A mesma situação vale para Laís Leão. Entretanto, com a baixa de qualquer um dos dois, a cultura só empata, não ganha em número de vereadores na linha de frente (pode até perder), nem de aliados.
Ficaram de fora
Entre as candidaturas que poderiam fortalecer de maneira significativa a Cultura de Curitiba, ficaram de fora: Coletivo das Culturas – Vlad (PC do B), Andreia de Lima (PT), Sesóstris (PT), João Paulo Mehl (PT), Fredy Ferreira (PDT), e Felipe Petri (PV).
Maior desafio
Segundo o 1º Secretário do Sindicato dos Artistas e Técnicos do Paraná (Sated/PR) e conselheiro estadual do trabalho, Adriano Petermann, o maior desafio dos vereadores que defendem o segmento é aumentar recursos defasados, fazendo o executivo repassar o teto previsto em lei para o Fundo Municipal e o Mecenato Subsidiado e também direcionar à Cultura o saldo para completar 1% da arrecadação total do município (para estrutura, manutenção de funcionários e equipamentos públicos, entre outros itens). “Se o próximo ou próxima gestora fizer isso, andamos 30 anos no tempo”, diz ele.
Entenda
Conforme a Nova Lei da Cultura do Município, as verbas direcionadas para o Mecenato e o Fundo (FMCC) podem ir até 3% da soma de arrecadação do ISS e IPTU. Na prática, em 2025, o índice corresponde a cerca de R$ 117 milhões para essas ferramentas de fomento à cultura, já que a estimativa somada de IPTU e ISS é de pouco mais de 3,9 bilhões. Se os repasses chegarem a 1,5% da arrecadação, sobem para de cerca de R$58 milhões. Atualmente, o Mecenato recebe cerca de R$ 14 milhões vindos de renúncia fiscal e, segundo representantes da classe, o Fundo tem verbas contingenciadas e não atinge a mesma cifra; assim, o total é de menos que R$ 28 milhões para os dois mecanismos.
As diretrizes para o orçamento de 2025 já foram publicadas e a previsão é de cerca de R$ 14 milhões novamente para o Mecenato.
Leia também: Câmara de Curitiba terá formação super conservadora. Veja os 38 eleitos