Vereador Rodrigo Reis diz que fica triste por não existir “racismo reverso”

Durante a sessão ele também lembrou imigrantes brancos “que são acusadas de racismo”

Na sessão da Câmara de Vereadores de Curitiba desta terça-feira (13) o vereador Rodrigo Reis (PL), lamentou por não existir “racismo reverso”. A fala aconteceu durante a votação de um requerimento que pediu a retirada de um livro distribuído pela prefeitura de Curitiba que tem imagens apontadas como racistas. Ele ainda exigiu que a vereadora Giorgia Prates (PT), que é uma mulher negra, pedisse “desculpas” por chamar “todos os curitibanos” de racistas.

O livro em questão (veja abaixo) trata de proteção animal, mas apresenta personagens não-brancos de forma estereotipada. A “Turma do Curitibinha”, de acordo com o Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac), reforça o preconceito e causa divisões raciais.

“Há uma grave desigualdade na representação. Enquanto o personagem principal, que dá o nome à turma, é branco e tem olhos verdes, e uma de suas amigas é branca, loira e de olhos azuis (o que reforça padrões de beleza), chama-se Graciosa e é descrita como meiga, delicada e dedicada aos estudos (comportamentos idealizados para meninas brancas), a outra personagem, que é negra, tem o apelido Zezé. Seu nome é Maria José, algo nada comum nos dias atuais e menos ainda nas famílias das camadas mais abastadas (e brancas) da sociedade. Pior ainda é relegar ao menino que carrega características típicas de uma criança parda (visivelmente no nariz e no cabelo) o perfil de um mau-caráter. E ele ainda tem o nome de Fosco, que por si só é bastante negativo, afinal, o termo quer dizer apagado, sem brilho. Além disso, ele é o que tem comportamento inadequado, faz comentários distorcidos e, com frequência, é retratado como tendo menos inteligência”, diz um texto publicado no site do sindicato.

Câmara

Na Câmara o pedido da vereadora Giórgia Prates pelo recolhimento do material para revisão foi aprovado.

Rodrigo Reis, que embora seja parlamentar, demostrou desconhecimento da Lei 10.639, que institui obrigatoriedade de cultura africana e afro-brasileira nas escolas para evitar reprodução de estereótipos como consta no gibi, afirmou que a parlamentar não deveria chamar italianos, russos, poloneses e outros imigrantes e seus descendentes que colonizaram Curitiba de racistas, apesar de a vereadora ter apenas apontado racismo no gibi e não ter citado nominalmente nenhuma pessoa.

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“Sim, existe o racismo. E apesar (…), fico triste, que também não existe o racismo reverso, porque também existe, mas não é considerado o racismo”, disse o parlamentar.

Professora Josete (PT), líder da bancada do PT, explicou que apontar racismo em materiais distribuídos pela prefeitura não significa chamar todos os curitibanos de racistas, mas Rodrigo Reis já havia deixado o plenário. Antes disso ele disse que não era racista.

Prates justificou os votos favoráveis ao requerimento que pediu a revisão do material e falou sobre questões de racismo estrutural, que atingem populações racializadas e povos originários. Antes que a parlamentar terminasse sua explanação, o presidente da Câmara, Marcelo Fachinello (Podemos), a interrompeu porque o tempo havia acabado.

Veja a fala do vereador:

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