Ratinho Jr diz que inteligência da PM monitorou professores; governo silencia

Governador disse que "inteligência da Polícia Militar" tinha informações sobre greve da categoria

A comunicação do governo do Paraná e as assessorias da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e da Polícia Militar preferiram não se manifestar a respeito de uma declaração dada pelo governador Ratinho Júnior (PSD) na segunda-feira (3).
Questionado sobre a greve dos professores estaduais, Ratinho disse ter informações, que teriam sido repassadas pelo setor de inteligência da PM, sobre a adesão à paralisação. Para tentar reduzir a importância do movimento, Ratinho disse que os manifestantes eram grevistas das universidades federais, que na verdade protestavam contra o governo Lula.

“Soubemos através da inteligência da Polícia Militar que [a manifestação em frente à Assembleia] é muito mais de professores da Universidade Federal do Paraná, que estão em greve contra o governo federal, e estão usando essa votação para tentar engrossar a greve das universidades federais”, disse o governador em entrevista dada na manhã de segunda-feira.

Além de estar errada (milhares de alunos e professores participaram da manifestação realizada no mesmo dia na Assembleia Legislativa), a fala mostra que o governo do estado pode estar usando os órgãos de Segurança Pública para monitorar movimentos grevistas, opositores e sindicatos.

Procurada, a assessoria da Secretaria de Segurança informou que mais informações deveriam ser solicitadas à Polícia Militar. A assessoria de imprensa da PM informou que só a equipe de comunicação do Palácio Iguaçu poderia falar sobre o tema. A assessoria do governo também não se manifestou e não deu retorno ao pedido.

“A gente viu nessa greve, e a partir de 2015 para cá, um uso do aparato estatal para repressão ou criminalização de movimentos sociais e sindicais legítimos”, disse a presidente da APP-Sindicato, Walkiria Mazeto nesta quarta-feira (5). “A greve é legal, cumprimos todos os ritos. Também temos as pautas financeiras que não foram cumpridas pelo estado. E mais uma vez vemos um governador usar o aparato estatal para combater o que não agrada a ele.”

Para o deputado estadual Professor Lemos (PT), que participou do atos dos grevistas da manhã desta quarta-feira na frente da Secretaria da Educação, o objetivo é amedrontar os grevistas. “Na ditadura militar também tinha inteligência do governo para perseguir os trabalhadores. É um absurdo, achávamos que tínhamos superado isso, mas tem governantes eleitos pelo voto do povo usando os métodos da ditadura”.

“É uma prática antissindical, um desespero para tentar coibir um movimento que tem denunciado a intenção do governo de venda das escolas públicas”, disse Walkiria Mazeto sobre o pedido de prisão. Segundo ela, representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) denunciaram o governo do Paraná em reunião da Organização Internacional do Trabalho (OIT), nesta quarta-feira, em Genebra, na Suíça. “Ficou claro para o Brasil inteiro e para o mundo, foi uma atitude desesperada e desproporcional”.

O pedido da Procuradoria-Geral do Estado traz errado do sobrenome da presidente da APP-Sindicato, grafado como “Mezeto”. ““Sou servidora pública há 30 anos, o estado teoricamente é o meu patrão e tem todos os meus dados, a PGE faz uma petição e erra meu nome. isso só demonstra a pressa como as coisas estão sendo feitas”, disse Walkiria

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2 comentários em “Ratinho Jr diz que inteligência da PM monitorou professores; governo silencia”

  1. Esse Ratinho é patético, para não dizer que é um atraso mesmo. Recorreu à inteligência da polícia? Existe isso? Não teria sido melhor buscar a inteligência dos professores?
    O fato é que esse projeto tem cheiro de negócios para os amigos, amigos que podem ajudar o pequeno rato a subir outros degraus.

  2. Valnei Francisco de França

    “Em time que está ganhando não se mexe”. Eu ouvi esta frase desde pequeno, mas na medida em que cresço ela se impõe em cada momento de minha vida. Filho de preso político, torturado, tivemos nossa Família monitorada pelos “arapongas” e, particularmente, não acredito que “os Governos” tenham desmontado todo aquele aparato. O Bolsonaro sempre alertava que as “fontes dele” eram as mais seguras. O bisbilhotar acompanha a História das Civilizações. Não fico surpreso com a fala do Governador, mas Ele poderia ser um pouco, pelo menos, honesto, pois as informações vindas de Escolas é que existe um verdadeiro vazio educacional. Muitos Alunos, poucas turmas e quase nenhum Professor. Qual será a versão mais verdadeira se nossos filhos, sobrinhos, netos voltam para casa depois de aulas vagas, turmas juntadas e depois de assistirem aulas online. Pergunta: como é que o “serviço secreto” do Governador indica, e consegue, orientá-lo sobre os conteúdos de cada turma, neste momento? E, pior, como turmas que são juntadas recebem o mesmo conteúdo? A pergunta que fica é “os Pais devem levar seus filhos às Escolas ou fazerem coro junto às reivindicações dos Professores?” O futuro responderá. Eu sou contra a “parceirização privada” das Escolas.

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