Aluno autista formado na rede pública é aprovado no IFPR

Gabriel Domingues Fernandes vai cursar Gestão da Tecnologia da Informação

O jovem Gabriel Domingues Fernandes, de 20 anos, vai começar o curso superior de Gestão da Tecnologia da Informação do Instituto Federal do Paraná (IFPR) neste ano e é motivo de orgulho para a família, já que além de ser egresso da rede pública de ensino é diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

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O calouro se preparou para a prova do IFPR no cursinho pré-vestibular “Mais Pinhais”, gratuito, ofertado pela prefeitura de Pinhais, região metropolitana de Curitiba. “Espero que minha história possa inspirar e mostrar para todos que o autismo não é uma sentença negativa, quando temos um conjunto de apoio e muita dedicação. Sou grato a todos os professores que me ajudaram a chegar até aqui”, diz o estudante.

Fernandes estudou desde criança em Pinhais, no CMEI Vó Margarida. Foi nesta unidade, que as equipes pedagógicas notaram alguns sinais que poderiam indicar o TEA. “Ele não entrosava com os outros alunos e a professora me fez um chamado pra levar ele em uma fonoaudióloga, então a gente começou a investigação e foi diagnosticado com autismo”, conta a mãe Elisangela Domingues Ferreira.

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Depois do diagnóstico confirmado, o estudante foi alfabetizado na Escola Municipal de Educação Especial Elis de Fátima Zem e retornou ao ensino regular para concluir o fundamental na Escola Municipal Felipe Zeni. Já no Ensino Médico, Fernandes estudou no Colégio Estadual Amyntas de Barros e seguiu para o cursinho da prefeitura. Neste período o aluno também frequentou o Atendimento Educacional Especializado.

Família

Além do suporte do poder público, a presença da família de Gabriel Domingues Fernandes também fez a diferença no preparo para o ensino superior. Ele tem um irmão de 12 anos que também foi diagnosticado com TEA e para ficar mais próxima dos filhos trocou o trabalho com carteira assinada pelo artesanato, que é feito em casa.

“Desde que meus filhos nasceram, eu não pude mais trabalhar, ainda mais depois que o Gabriel foi diagnosticado. Eu sou artesã, faço artesanato há anos já, o meu marido é autônomo, trabalha de entregador, e assim a gente vai vivendo”.

Antes de Fernandes o campus do IFPR em Pinhais já teve outro estudante diagnosticado com TEA, mas no ensino técnico. A chegada do aluno fez com que o campus oferecesse formação para os servidores por meio do Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (Napne).

Direitos

O Transtorno do Espectro Autista é uma deficiência reconhecida pela Lei no 12.764/2012 . O Brasil não tem estudos de prevalência sobre o autismo, mas estima-se que existam no país pelo menos 2 milhões de pessoas nesta condição.

Além de um tutor exclusivo na escola, alunos diagnosticados com TEA têm outros direitos, conforme explica a neuropedriatra Mayara Rezende Cardoso, da Paraná Clínicas:

Identificação: A Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), está em vigor há dois anos e por meio dela é possível obter prioridade nos serviços públicos e privados, atendimento prioritário e outros.

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Educação: Todas as crianças espectro autistas possuem o direito de frequentar a rede pública ou privada de ensino. Ao ser avaliado o grau, o paciente poderá também contar com um professor tutor para lhe auxiliar nas atividades escolares, cumprindo o que determina a Lei nº 12.764/12.

Desconto na compra de veículos: Muitas crianças e até mesmo adultos, possuem alta sensibilidade em relação a barulhos, o que torna a viagem de transporte público quase impossível e, por isso, familiares que comprovem o Transtorno, possuem desconto na compra de veículos novos.

Desconto em passagens aéreas: De acordo com a Resolução Nº 009/2007 da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), os acompanhantes de pessoas com TEA, possuem desconto de 80% em passagens aéreas. O valor para os portadores de TEA, não sofrem alterações e as taxas de embarque são cobradas no valor integral.

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